Daiany Mossi
A empresa América Latina Logística deve reduzir seus serviços no Estado e Uruguaiana será uma das primeiras cidades afetadas.
Conforme os dados do Sindifergs, até o início dos anos 90, havia cerca de dez mil ferroviários na ativa no Rio Grande do Sul. Em 1997, Quando a RFFSA foi privatizada tinham sido reduzidos a 3 mil. Há pouco mais de um ano, a Rumo ALL – nova denominação da concessionária – entrou em atividade nas linhas gaúchas com somente 1.580 funcionários próprios, mas que hoje não chegam a 900, nas contas do Sindifergs.
A estratégia da empresa tem sido encolher e terceirizar serviços, mantendo apenas os trechos de linhas considerados mais rentáveis, algo recorrente nas privatizações. “Temos homologações de demissões todas as semanas. A Rumo demite, manda o funcionário demitido criar uma empresa terceirizada para realizar o serviço que fazia, mas em seis meses eles quebram”, lamenta o presidente Júlio Fontana Neto.
Acontece que os problemas que culminam com a desativação da ALL, não é só da empresa, uma vez que a situação no sistema ferroviário gaúcho é quase calamitosa e pior que nos demais estados do Sul-Sudeste. Faltam linhas, trilhos, vagões, locomotivas, composições, terminais, manutenção, pessoal qualificado, numa lista de falhas e carências que não acaba mais. Só o que não falta e sobra são as queixas em relação ao serviço prestado pela concessionária.
Redução das linhas em operação
Contrariando todas as expectativas ou promessas desde a privatização, no governo de FHC, as linhas gaúchas encolheram, grandes trechos foram desativados e boa parte dos trilhos e equipamentos sofreu um processo contínuo de sucateamento. Quando a ALL passou a operar também em São Paulo, em 2006, ela largou de vez o Estado e o serviço então só piorou. Um dos resultados é que os 3.282 quilômetros de linha rodante que existiam no início da concessão estão reduzidos a cerca de 2 mil quilômetros, após quase 20 anos. Porém, segundo o Sindifergs, não restam mais de 900 quilômetros realmente operando no Estado.
A queda na movimentação de cargas é outro dado que explica o desmonte. Entre 2014/2015, houve uma redução de cerca de 3 milhões de toneladas movimentadas anualmente, em relação aos anos anteriores. É o caso do transporte da soja, que em 2007 movimentou 5,8 milhões de toneladas, volume que caiu quase à metade, 3,1 milhões de toneladas, em 2014. Os números de 2015 ainda não estão fechados, mas o volume deve ser menor ainda, “muito embora a produção do cereal tenha aumentado consideravelmente”, afirma o diretor da Federação da Agricultura (Farsul) Caio Nemitz, representante da entidade nas discussões sobre o modal ferroviário.
Para piorar, numa reunião recente na Secretaria Estadual dos Transportes, em Porto Alegre, dirigentes da Rumo anunciaram que estão estudando a desativação total da via que liga Cacequi a Uruguaiana, a única saída dos produtos brasileiros por ferrovia para a Argentina. Há relatos de que a indústria da Serra também não está sendo atendida adequadamente.
Legislativa do Rio Grande do Sul
A alternativa, segundo ela, seriam as concessões, mas é preciso achar o modelo ideal, de longo prazo, pois serão necessários investimentos muito pesados. “O modal rodoviário está sobrecarregado, cerca de 90% do escoamento da soja no Rio Grande do Sul é realizado por caminhões. A Ferrovia norte sul representa uma saída pra resolver estes problemas de gargalos na logística, reduzindo o custo Brasil e aumentando a competitividade”, completa a parlamentar.
Conforme o EVTA, a ferrovia deverá ingressar no Estado por Frederico Westphalen, seguindo depois por Palmeira das Missões, Cruz Alta, Santa Maria, Encruzilhada do Sul, Camaquã, Cristal, Pelotas e daí ao porto de Rio Grande. Segue-se agora a elaboração dos projetos básicos de engenharia e, posteriormente, será contratada a elaboração do projeto executivo, quando será conhecido o custo do empreendimento. Atualmente, o Ministério dos Transportes trabalha para definir qual será a modalidade de contratação para realização da obra, informa a Valec.
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