O médico Fábio Mota prestou esclarecimentos aos vereadores que compõem a CPI da Saúde, a respeito da atual situação do Instituto de Cardiologia de Uruguaiana (Incar). Revelações importantes foram feitas por Fábio, entre elas, o caso da morte de um paciente ocorrida no final do ano passado.
Segundo o médico, a morte foi em consequência da interferência da administradora Ana Del'Ito nos serviços prestados pelo Incar. De forma negligente, ela não permitiu a compra de um material de extrema importância para o atendimento deste paciente que veio a falecer. O prefeito José Francisco Felice teria sido informado do caso através de um documento e também pessoalmente. O secretário de Saúde Luiz Augusto Schneider estava no plenário da Câmara e ouviu atentamente as declarações de Fábio que, em vários momentos de sua fala, o elogiou e disse que o Schneider também é vítima da irá de Ana Del’Ito que lhe atribui adjetivos absurdamente desrespeitosos, especialmente se considerada sua autoridade de secretário de Saúde e mandatário eleito vice-prefeito, adjetivos que Mota recusa-se pronunciar em público. Fábio relatou que Schneider testemunhou várias ações de Ana e que muitas vezes tentou interceder, porém não obteve sucesso.
O secretário também foi comunicado que enfermeiros do hospital, em especial a enfermeira chefe da UTI e um funcionário do almoxarifado, foram ameaçados pela administradora. Ao funcionário do almoxarifado, Del'Ito o ameaçava com a perda do emprego caso não seguisse suas determinações; e a enfermeira chefe da UTI era ameaçada de ser removida para trabalhar na lavanderia.
“...Me submeto a uma analise técnica e não a de um leigo como ele...”
Fábio Mota disse que a relação de José Francisco e os médicos do Incar era muito boa até então e que juntos trabalharam pela instalação do Instituto em Uruguaiana. O médico ressalta que o convênio entre o Instituto de Cardiologia e o Sistema Único de Saúde (SUS), foi suspenso em obediência ás determinações de Felice e que desde o mês de dezembro, 80% da população está sem atendimento. Diante das reclamações levadas ao conhecimento do prefeito através de Fábio Mota quanto a administração da Santa Casa, Sanchotene preferiu pedir junto ao Instituto do Coração de Porto Alegre (responsável pelo Incar), o afastamento do médico. Fábio revela que os argumentos usados por Felice são meramente pessoais e que no documento em que pede o afastamento, Felice o acusa de ser inimigo do governo. O prefeito enfatiza que com a saída de Mota tudo poderia voltar ao normal. Durante seu depoimento aos vereadores, Mota desconsidera as opiniões levadas por Felice ao Instituto da Capital e diz que como profissional considera válida a avaliação de técnicos, de médicos e profissionais habilitados e não a de uma pessoa leiga no assunto.
“...Agradeço aos promotores e ao Juiz Gulherme Machado que garantiram a manutenção do trabalho e com isso salvaram vidas...”
Ao falar da intervenção da Justiça e a presença da Polícia Federal no Incar, Fábio disse que os promotores e o Juiz Guilherme Machado salvaram uma vida ao buscarem que o atendimento fosse mantido naquele dia. O médico conta que assim chegou a Santa Casa, foi informado da troca de fechaduras e que ao pedir ajuda ao MP, foi rapidamente atendido. Poucas horas depois, uma paciente dava entrada na UTI Cardiológica em estado grave. Graças a trabalho dos médicos e a intervenção da Justiça, ela está viva. Se o Incar não estive funcionando naquele dia, a paciente certamente não teria sobrevivido. Todos os vereadores presentes fizeram questão de se pronunciar. Rogério de Moraes tentou defender a administração da Santa Casa de Caridade e dizer que os episódios relatados podem ter sido promovidos por profissionais de outros escalões e não pela administração.
O que disse o Sindicato
Rogério de Moraes, na condição de vereador escutou atentamente aos relatos feitos pelo médico. Já na condição de presidente da Sindisaúde, ele precisou responder as perguntas da imprensa que pediu a ele seu posicionamento quanto a denúncias de assédio moral contra funcionários do hospital. Rogério disse que algumas denúncias já estão sendo apuradas e que diante da fala do médico Fábio Mota, outras providências serão tomadas. Moraes confirmou que existem denúncias dando conta de que alguns enfermeiros do hospital vêm sendo alvos de Ana Del Ito e sua equipe.
O que disse Schneider
Luiz Augusto Schneider não quis confirmar os relatos feitos por Fábio, dizendo apenas que nada poderia ser dito ou analisado com o clima que hoje envolve a Santa Casa e o setor de saúde. Segundo o secretário, o convênio com o SUS foi cancelado para que a União assumisse o custeio dos valores referentes aos atendimentos. Desta forma, avalia-se que a questão do rompimento do contrato com o SUS é de cunho financeiro. O médico Fábio Mota apresentou em Plenário o documento assinado por Felice comprovando que a falta de atendimento pelo SUS é determinação do Executivo.
Revisada em 20/4, às 9h55min.
