quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Filhos de detentos amargam o sabor da discriminação

Discriminação. Essa foi a palavra usada pela dona de casa que aqui chamaremos de Angela e que pelo menos quatro vezes por semana visita o marido na Penitenciária Modulada ao referir-se a situação enfrentada pelos filhos de seis e quatro anos que costumam visitar o homem com ela. Segundo Angela, outras crianças enfrentam a mesma situação e assim como seus filhos, sentem desde cedo á dor de serem tratados diferentes. Acontece que as crianças chegam a frente da Penitenciária Modulada por volta das 12h e ficam ali, debaixo de sol e chuva, esperando chegar a hora da entrada. No local, existe uma pracinha com brinquedos velhos e sem pavimentação. As dezenas de crianças que assim como os filhos de Angela frequentam a Modulada dividem dois balanços e uma gangorra largados no meio de um campo vazio. “Não tenho com quem deixá-los e acabo os levando junto nos dias de visita. Não posso abandonar meu marido, sou a única pessoa que ele tem, além dos filhos. Se eu não apoiá-lo neste momento de recuperação, ele volta ao crime assim que sair de lá”, disse a mulher. Angela destaca que o marido está cumprindo pena, mas que os filhos não merecem pagar por isso. “Vemos pracinhas por todos os lados e em lugares até desnecessários. No entanto em frente a Modulada, onde crianças tristes e carentes passam horas de seus dias, não existe nenhuma atenção especial por parte das autoridades”, finalizou.
 
Os projetos e as dificuldades
Nossa reportagem procurou o diretor da casa prisional Max Marçal, que nos mostrou o local ocupado pelos familiares durante a espera para a entrada. Cerca de 40 pessoas já estavam em frente a Modulada por volta das 10h de ontem, sendo que os portões seriam abertos a visita às 14h. Os tais brinquedos citados pela senhora Angela e que hoje estão em frente ao local, antes estavam no pátio da Modulada, num espaço, onde segundo Max, as crianças eram ainda mais prejudicadas. O diretor conta que um de seus principais objetivos desde que assumiu a Penitenciária de Uruguaiana, tem sido proporcionar uma pena mais humana aos presos que ali residem, mas que diante de algumas dificuldades, entre elas, a falta ou demora de apoio por parte das autoridades, a situação ainda é critica. “Conhecemos as necessidades e dentro do possível tentamos encontrar soluções. Prova disso, é que há mais de três semanas recebemos a doação de uma quantia significativa de manta asfaltica, suficiente para calçar a pracinha e parte da frente da Modulada. No entanto, não temos como buscar tal doação, e então precisamos da colaboração da Secretaria de Obras. Pelo jeito, perderemos a doação devido a falta de veículos que possam trazer a manta asfaltica até aqui”, disse Max. O diretor lembra que os brinquedos estão estragados e que seria de extrema importância para essas crianças que o Poder Público investisse na manutenção dos mesmos e na colocação de brinquedos novos. “Entendo que essas obras cabem ao Estado, mas o Município pode assumir se achar necessário”. Esquecidos pelo Governo Estadual, os filhos dos detentos também não sensibilizam as autoridades municipais. De acordo com o diretor, a Susepe já pediu ajuda à Secretaria de Obras e também ao vereador Clemente Correia, líder petista, no que diz respeito ao transporte da manta. Enquanto isso, contar entre os amiguinhos os motivos pelos quais os pais estão presos continua sendo a grande distração das crianças.

Menina do vídeo apresenta distúrbios mentais e precisa de ajuda, diz diretora do Cacau

A diretora do Cacau, Andréa Trojan falou nesta manhã, a respeito do vídeo que circula na cidade e que mostra uma menina, de 19 anos, acusando a irmã de tê-la a agredido. No vídeo, a jovem pede para ser levada ao Cacau. As imagens chocantes revoltaram a sociedade e também as pessoas que trabalham em prol dos portadores de doenças mentais e crianças. Segundo Andréa, Magda apresenta problemas psicológicos e precisa de ajuda. “Essa menina não está mais no Cacau por ser maior de idade. Já fez parte do nosso grupo e sempre apresentou quadros semelhantes ao registrado pelo cinegrafista amador. Ela precisa de ajuda e não de exposição”, falou a diretora do cacau. O Cacau e o Projeto Sentinela abraçaram a causa e estarão acompanhando Magda na realização de uma série de exames. A menina continua com a irmã que, segundo Andréa, é a responsável pela jovem.