Doze pessoas foram presas pela Polícia Federal de Uruguaiana nesta sexta-feira, suspeitas de participação no esquema criminoso que colocou o município entre os principais assuntos da semana no que diz respeito a falta de segurança pública no País. As primeiras prisões ocorreram na madrugada, em um hotel localizado na Rua Santana. Oito estrangeiros, todos chineses, foram conduzidos à Delegacia da Polícia Federal. Entre os detidos, um era o "coiote", ou seja, coordenava o bando e os ajudava a deixarem o País de forma ilegal. O "coiote" foi encaminhado à Penitenciária de Uruguaiana e os chineses repatriados. Pela manhã, outras quatro prisões foram feitas, desta vez em cumprimento de mandado de prisão preventiva. Entre os presos, três cambistas que operavam na rodoviária de Uruguaiana, um deles chamado Leonel, que também é candidato a vereador nas próximas eleições. Todos são investigados pela PF.
Uruguaiana no centro do crime
Em entrevista, o delegado André Luiz Epifánio explicou que Uruguaiana é, atualmente, uma das principais rotas para o tráfico internacional, tanto o humano quanto de drogas e armas. Segundo ele, a Polícia investiga os motivos que levaram os criminosos a escolherem Uruguaiana como centro de suas ações, descartando as demais fronteiras, como a de São Borja e Santana do Livramento, por exemplo. Para André Luiz, os criminosos criaram em Uruguaiana um respaldo muito forte e por isso fizeram da cidade o centro de suas ações. "O crime está organizado e é aqui que estão os seus chefes. Em Libres, temos apenas "coiotes", "atravessadores", disse ele. O Delegado ainda esclarece que os estrangeiros atravessados servem, muitas vezes como "mulas", levando e trazendo drogas. "Eles são aliciados pelo crime. Saem de seus países com a promessa de ganhar mais, de viver melhor. Pagam em torno de 800 dólares ao coiote, e ainda mais dinheiro aos chefes do bando", esclarece. De acordo com o delegado, entre os chineses havia cinco mulheres com idade entre 18 e 30 anos. Inicialmente, elas declararam vir de São Paulo com o intuito de cruzar a fronteira, porém mais tarde, orientadas pelo advogado, preferiram manter silêncio. Antes de chegar ao Brasil, elas estiveram em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
Os cambistas
As primeiras investigações apontam que os cambistas seriam os contatos dos grupos criminosos em Uruguaiana e estariam recebendo os estrangeiros na cidade, orientando quanto a passagem pela fronteira, os locais seguros para hospedagem, bem como o policiamento. Também são os cambistas que contratam os taxistas, que, pelo preço de R$ 100, atravessam os imigrantes ilegais com maior facilidade. Na Argentina, um contato "librenho" aguarda o estrangeiro. Ele é recepcionado e mais tarde embarcado a outros países. Para André Luiz, os imigrantes iniciam o processo como vítimas, mais tarde são cúmplices, e ao final já são bandidos. O Delegado enfatiza que, além de servirem ao tráfico, os estrangeiros, principalmente as mulheres, são prostituídas pelo grupo. 'Pelas bagagens das chinesas e das demais pessoas identificadas até o momento, se pode concluir que elas seguirão à prostituição", ressalta. As ações da PF fazem parte da Operação Sentinela e, conforme o Delegado responsável em Uruguaiana, o trabalho terá sequencia e o objetivo é identificar e deter os criminosos principais – os chefes da organização.
Outras prisões
Outras pessoas já foram presas nos últimos dias pelo mesmo crime. Na oportunidade, um cambista de Uruguaiana e um taxista argentino, foram presos em flagrante ao introduzir ilegalmente no Brasil um cidadão camaronês. A prisão ocorreu na Estação Rodoviária de Uruguaiana. Os presos já eram investigados anteriormente pelo mesmo crime, em associação com outros indiciados.
