No mês de março, um dos crimes mais bárbaros da história de Uruguaiana, completou 16 anos: O assassinato de Everaldo Silva dos Santos, que aconteceu na madrugada do dia 17 de março de 1995, no Presídio Estadual da cidade. O delinqüente “Lau”, como era conhecido, foi retirado de sua cela e arrastado até o pátio do Presídio, onde foi assassinado com inúmeros tiros. Na ocasião, ele havia sido recolhido ao Presídio durante o dia, em decorrência do cumprimento de prisão preventiva decretada pela Justiça. Há vários dias ele era procurado, em especial pela Brigada Militar, em virtude de que havia se envolvido em fato que culminou com a morte do Soldado PM Gilson do Prado Brum. Antes da morte de Lau, os encapuzados teriam, por volta da 1h do dia 16 de março, invadido a casa de Francisco Gonçalves, o “Ico”, com 22 anos, que estava dormindo com a companheira Maria Evanir. Os encapuzados derrubaram a porta da residência, invadiram e reviraram tudo e localizaram “Ico”, que dormia só de cuecas. O grupo queria saber onde estava o “Lau”. Um dos encapuzados disse que “Ico” era o “Lau” e, apesar de Maria Evanir ter implorado e tentado mostrar os documentos do companheiro, ele foi arrastado e colocado em um dos carros usados pelos "justiceiros", sendo assassinado logo em seguida. No dia 28 de junho, 18 homens, entre eles, policiais da ativa, aposentados e até expulsos da BM, estarão sentados novamente frente a frente com o Júri Popular. Eles terão que prestar contas à Justiça, sobre como tudo aconteceu. Os indiciados não poderão recorrer mais da decisão.
Saiba como tudo aconteceu:
No dia 5 de março daquele ano, na Rua Setembrino de Carvalho, os policiais Julio César e Delamir abordaram Rudinei da Silva Santos, o “Michael Jackson”, como era conhecido que, de posse de uma faca, reagiu a abordagem dos policiais. Conduzido à Delegacia, “Michael Jackson” agrediu o PM Delamir com um tapa no rosto, isso já no interior da DP. No dia seguinte, os policiais Gilson do Prado Brum e Antônio Gonçalves abordaram “Michael Jackson” quando este saia de casa. Ele mais uma vez reagiu e foi espancado pelos PM’s. Tentando defender seu irmão, Everaldo da Silva Santos, o “Lau”, à época com 25 anos, atingiu o PM do Prado com um golpe de facão na cabeça, fugindo naquele momento com a arma do crime; “Michel Jackson” foi mantido preso. Naquela mesma noite, a Polícia desencadeou uma verdadeira caçada a “Lau”, enquanto os médicos ainda tentavam salvar a vida do policial ferido, internado em estado grave na Santa Casa. Na noite do dia 13, outro irmão de “Lau”, Henrique foi seqüestrado por homens encapuzados, sendo espancado e alvejado com um tiro. Ele só escapou com vida, porque fingiu estar morto. No final da manhã do dia 15, foi confirmada a morte do soldado PM do Prado. Já no dia 16 de março, por volta da 1h, seis homens encapuzados e tripulando automóveis e motos, invadiram a casa de Francisco Gonçalves, o “Ico”, com 22 anos, que estava dormindo com a companheira Maria Evanir. “Ico” trabalhava em carga e descarga de caminhão de tijolos. Os encapuzados derrubaram a porta da residência, invadiram e reviraram tudo e localizaram “Ico”, que dormia só de cuecas. O grupo queria saber onde estava o “Lau”. Um dos encapuzados disse que “Ico” era o “Lau” e, apesar de Maria Evanir ter implorado e tentado mostrar os documentos do companheiro, foi arrastado e colocado em um dos carros usados pelos "justiceiros", sendo assassinado naquela mesma madrugada. Ao final da tarde, “Lau” foi preso em circunstâncias até hoje não bem esclarecidas, pois estava em Paso de Los Libres, na Argentina, tendo sido preso no lado brasileiro da ponte internacional, quando estaria atravessando-a. Foi apresentado na promotoria e depois na DP, sem apresentar quaisquer lesões corporais. “Lau” confessou a autoria do crime. Minutos depois, foi encontrado o corpo de “Ico”, que havia sido executado com 19 tiros e ainda apresentava queimaduras pelo corpo. Na madrugada do dia 17, por volta das 2h, um grupo de 12 ou 13 homens encapuzados invadiu o Presídio, retirando o assassino confesso “Lau”, que foi sumariamente executado na frente da instituição prisional, alvejado com vários tiros de arma de fogo. A história das mortes de “Lau”, “Ico” e do soldado do Prado, assassinado em cumprimento do dever, pode estar perto de ser esclarecida. O episódio envolvendo policiais encapuzados entrou para a História dos anais da impunidade e violação dos direitos humanos do Estado e continua viva na memória dos uruguaianenses.
Estarão sentados no banco dos réus:
AZAURY ITURBIDES MEDEIROS
ADÃO GOULART BIBIANO
CARLOS AUGUSTO LOPES BLONDET
CLAUDEMIR DE MOURA AGUIAR
DAMIÃO SILVEIRA CRUZ
FÁBIO ALEX TELLES GOMES
GILNEI DE MELLO AIMONE
ISAAC GEREMIAS DE SÁ GOULART
ISEQUIEL VIEIRA FIUZA
JOÃO DEMIR MILER NOGUEIRA
JOSÉ ANTÔNIO DIOGO GUERRA
JOSÉ DELAMIR CARVALHO DE OLIVEIRA
JÚLIO CESAR GARCIA RAMOS
MANOEL CELSO FERRETO DOS SANTOS
MANOEL PRUDENTE GOULART BICCA
NEI HUMBERTO FAGUNDES MEDEIROS
NORBERTO FERREIRA FARIAS
PAULO RICARDO DA COSTA
REGIS ALEX CARRAZONI LOPES
ROBERTO CLAUS MASS
WANDERLEI GONÇALVES GOMES