Provedor diz que Presidente do Sindisaúde está agindo a mando do Prefeito Municipal
O advogado Lauro Delgado, provedor do Hospital Santa Casa de Caridade de Uruguaiana, acusou na manhã de ontem o presidente do Sindisaúde, também vereador e empresário, Rogério de Moraes, de manipular os enfermeiros e técnicos de enfermagem do nosocômio, induzindo-os a aderir a uma paralisação por ele organizada. As afirmações foram feitas durante o programa Bom Dia Cidade, da rádio El Shaday. Mais tarde, por telefone, Delgado disse à nossa reportagem que Rogério submete-se a servir de instrumento de Sanchotene Felice, e sua intenção é agitar, enganar, vender uma mentira, aos funcionários da Santa Casa.
Entenda o caso
Um contrato de Gestão entre a Santa Casa de Caridade e a Prefeitura de Uruguaiana estabeleceu que o hospital seria administrado por uma Comissão composta por pessoas indicadas pela Prefeitura e pelo Hospital, dentre elas, o provedor nomeado pela Irmandade Santa Casa de Caridade, representativa dos sócios da instituição. Inicialmente, o contrato foi cumprido e Lauro Delgado, o provedor, participava da Comissão que tinha a frente o vice-prefeito e hoje secretário de Saúde, Luiz Augusto Schneider. Conforme Delgado, após pedir o afastamento da então administradora Ana Maria Del Lito, o Prefeito decretou a extinção da Comissão e nomeou outra sem um representante sequer dos sócios da Entidade Mantenedora. A desobediência ao contrato assinado entre Santa e Casa e PMU revoltou a provedoria que recorreu à Justiça para anular a nova Comissão e os atos por ela praticados. A Justiça atendeu o pleito e a nova Comissão, presidida pelo Procurador do município, foi destituída, sendo reemposada a antiga, presidida pelo vice-prefeito Schneider.
Federalização
Por considerar que saúde é direito de todos, e garanti-la é um dever do Estado, o provedor entende que o melhor a fazer é entregar a Instituição ao Governo Federal ou Estadual. “Por que o Município administrará uma coisa que é de competência do Estado, da Federação? Estão gastando recursos que podiam ser aplicados em outras áreas e até mesmo na saúde. Há 110 anos, quando tínhamos lideranças espetaculares, elas criaram a Santa Casa e por anos ela se manteve com a ajuda da sociedade, da Prefeitura. Hoje, isso não é mais necessário. Ao entregarmos a Santa Casa à União, estaremos exigindo que o quadro funcional seja mantido. Ninguém perderá emprego ou será prejudicado. Pelo contrário. Entre ser funcionário de Felice ou de Dilma, todos querem ser funcionários públicos federais”, sustenta Delgado.
A paralisação e o Sindisaúde
Na última terça-feira houve uma Assembléia Geral do SindiSaúde, onde foi definida a paralisação das atividades a partir de segunda-feira, 9/1, em protesto contra a federalização proposta pela Provedoria. Segundo Rogério de Moraes, apenas serviços essenciais serão mantidos. Rogério destaca que a Santa Casa de Caridade vive um de seus melhores momentos, com salários em dia e boas condições de trabalho, recordando que o Hospital esteve a beira da falência, sem dinheiro sequer para garantir décimo-terceiro salários e indenização aos funcionários. Para o Vereador, entregar a Santa Casa à União ou Estado é tirar de Uruguaiana um patrimônio histórico, além de afastar da administração municipal as destinações de verbas e investimentos, que seriam geridos pelo Governo Federal e Estadual, distanciando a administração da cidade. “Jamais sentaremos com a Dilma ou o Tarso pra discutirmos os problemas da Santa Casa, mas com o Prefeito todos podem dialogar. Se houver a federalização, a situação voltará ao caos”, finalizou. Além da federalização, existe a possibilidade do hospital ser entregue a uma sólida Instituição com sede em Porto Alegre, Capital do Estado.
A diretoria do Sindisaúde convocou nova Assembléia Geral para amanhã, sexta-feira, para avaliar a adesão da classe a uma paralisação das atividades do Hospital que, segundo o Provedor da Instituição, está sendo orquestrada por Sanchotene Felice, através do presidente do Sindicato.