Na última semana, após o chefe da Casa Civil, Carlos Pestana, dar por encerrada a negociação salarial com a Polícia Civil, os policiais anunciaram que a classe ia parar. O anúncio pelo visto não foi levado a sério pelo Governo do Estado, mas será honrado nesta quarta e quinta-feira pelos policiais civis de todo o Estado, inclusive os de Uruguaiana. O governo manteve 91 reais como proposta de reajuste no vencimento básico. Isso significa, em percentuais arredondados, entre 13,7% e 10,5% para os agentes de primeira à quarta classe. Serão acrescidos 40 reais no mês de outubro e 51 reais em abril de 2012. Pestana disse que o projeto será encaminhado em regime de urgência para ser creditado na próxima folha - o da Brigada Militar foi protocolado hoje na Assembleia Legislativa.
O sindicato apresentou contraproposta de elevar para 120 reais o aumento no vencimento básico, como forma de melhorar o índice, sobretudo, para os policiais em início de carreira. "Não tem como. Nós iniciamos o processo de negociação com 175 milhões [quando a proposta do governo era de 3% em outubro e 3% em março de 2012] e estamos em torno de 300 milhões de reais", disse Pestana, em referência ao impacto somado para outras categorias da segurança pública.
O presidente da Ugeirm, Isaac Ortiz, insistiu para que o governo garantisse aporte de recursos na matriz salarial de março de 2012. O sindicato havia proposto 400 milhões de reais. Pestana disse estar disposto a revisar os fatores da matriz, para corrigir distorções, mas não fez proposta concreta de recursos. "O processo de negociação continua, nós queremos apenas encerrar esta etapa. Depois, podemos discutir a matriz", disse.
Também não existe garantia de que índices idênticos, a serem apresentados a delegados de Polícia e oficiais da BM, serão extensivos às categorias de base da segurança. Ortiz disse ser fundamental diminuir o abismo entre salários e que isso não acontecerá caso os agentes, que ganham até dez vezes menos que seus superiores hierárquicos, não tiverem os mesmos percentuais garantidos.
Pestana disse que o sindicato terá assento nas futuras negociações com superiores hirárquicos. "Não acontecerá o que aconteceu no governo passado", disse, em referência à negociação de 24% que os delegados tiveram no governo Yeda. "Não posso garantir diminuição nominal [das diferenças de salário entre agentes], mas vamos trabalhar no sentido de diminuir diferenças proporcionais e com ganho real".
Serviços que serão mantidos
Conforme os policiais uruguaianenses, apenas flagrantes serão realizados durante os dois dias de protesto. A paralisação poderá se transformar em greve, caso o Governo não atenda as reivindicações da classe.