A quantidade de óbitos registrada pela Secretaria Estadual da Saúde (SES) neste ano em decorrência da gripe diminuiu significativamente, se comparada com 2013. No ano passado, 525 casos do vírus influenza foram notificados pelos hospitais à Vigilância em Saúde da pasta, e 70 pessoas acabaram morrendo. Em 2014, porém, a situação foi diferente, com 122 notificações, até o final de agosto, e um total de dez mortes. A redução foi de 85%.
Os falecimentos dos pacientes foram registrados entre 28 de junho e 21 de agosto. Os óbitos, segundo balanço da SES, em todos os casos – menos o mais recente, que ainda está sendo investigado – são de doentes crônicos (cardíacos, diabéticos, obesos, com problemas respiratórios ou outra doença crônica com risco de complicação por influenza). Cinco das mortes ocorreram em Canoas e as outras foram em Porto Alegre, Santa Cruz do Sul, Uruguaiana, Pedro Osório e São Jerônimo. Nove das pessoas que morreram não haviam tomado vacina, e todas foram infectadas pelos dois vírus que causam a influenza A (H1N1 e H3N2).
Conforme a enfermeira responsável pela vigilância do vírus influenza na SES, Letícia Garay Martins, a cobertura da campanha de vacinação contra a gripe foi mais baixa do que no ano passado. Em 2013, foi de aproximadamente 95% do público-alvo, contra 86% neste ano. A campanha foi lançada em abril pelo governador Tarso Genro e pela secretária estadual da Saúde, Sandra Fagundes, e chegou a ser prorrogada por mais duas semanas, indo até 23 de maio, a fim de aumentar sua abrangência. A vacina é recomendada para crianças de seis meses a cinco anos incompletos, gestantes e mães de recém-nascidos com até 45 dias, pessoas com 60 anos ou mais e doentes crônicos. A diminuição, contudo, não teve impacto na quantidade de óbitos registrada. “Atribuímos esse número menor de casos a uma série de fatores, como as temperaturas mais altas neste inverno e a grande presença de umidade”, explica. Os vírus causadores da gripe, de acordo com Letícia, se propagam mais quando o tempo está seco.
Outra questão apontada pela enfermeira é a competição entre os vírus. “Quando um vírus ganha mais espaço, o outro perde. Nunca sabemos qual vai se espalhar mais, mas ficamos monitorando”, afirma Letícia. O monitoramento ocorre a partir de casos de internações hospitalares por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), caracterizada por dificuldade respiratória associada ao aparecimento súbito de febre, cefaleia, dores musculares, tosse, dor de garganta e fadiga. A investigação existente hoje é de diagnósticos de vírus sincicial respiratório (VSR), adenovírus e parainfluenza. “O VSR teve boa circulação neste ano, mesmo não tendo tanta quanto em 2013”, comenta Letícia. Trata-se do principal vírus causador da bronquiolite, infecção que afeta em especial crianças de até cinco anos. Neste ano, foram 383 casos no Estado, com um óbito. No ano passado, houve um total de 508 pessoas diagnosticadas com o VSR, chegando a dez mortes. O registro de adenovírus, grupo de vírus que causam doenças respiratórias, também foi menor – houve redução de 51 casos e uma morte para 22 casos e nenhum óbito. Além disso, a quantidade de casos de parainfluenza, que geram infecções respiratórias em bebês, teve diminuição significativa, de 69 casos e um falecimento para 17 e nenhuma morte.
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