segunda-feira, 17 de março de 2014

Coluna do Magrão

Balburdia

À medida que o desfile de carnaval se aproxima, o descontentamento provocado pelo desentendimento toma conta da cidade. A montagem da passarela do samba na Avenida Presidente Vargas ainda não foi assimilada por todos nós. O queixume dos comerciantes pela falta de acesso a seus estabelecimentos faz eco com a reclamação dos motoristas que são pegos de surpresa com uma estrutura metálica bem no meio da rua. Somam-se aí os transeuntes que estão irritadiços com a dificuldade de travessia da Presidente Vargas.

A mais nova grita se dá por conta do impedimento de alguns produtos para consumo dos foliões dentro da passarela Um acordo feito com um dos patrocinadores do desfile de carnaval está proibindo a entrada de determinados produtos – justamente daqueles que o patrocinador fabrica, mas que todos preferem o do concorrente.

Com isso a quantidade de descontentes aumentou esta semana. Reclamar no carnaval até então era comum por conta da passionalidade clubística, porém este ano a insatisfação se dá com a materialidade da estrutura carnavalesca. Desde que foi instituído no nosso carnaval essa estrutura de arquibancadas vindas de fora, o “povão” fica de fora. Até este ano este fato parecia ser de domínio público, porém este ano o “povão” se revoltou.

Entendem os apreciadores de carnaval que os custos para assistir os desfiles estão fora da realidade, e mesmo assim a torcida faz o possível para fazer a sua parte, que é torcer. Entendem os mais ‘’reclamões’’ que além de pagar muito caro, agora perdemos também a liberdade de consumirmos o que desejarmos. O tal contrato obriga os foliões e apreciadores de carnaval a consumirem apenas o que eles vendem dentro da avenida. Queixam-se também que os produtos ofertados dentro da passarela são de origem duvidosa e de pouca oferta. Todos os bares vendem os mesmos lanches: pastel nadando na gordura, e x-burger e sanduiches ‘’meia boca’’, mas tudo com preço de lanche de primeira.

O maior desconforto está na dificuldade de obter informações. A função normalmente desempenhada pelos meios de comunicação não tem atingido o público interessado em carnaval. Não se sabe se por pouca audiência dos veículos, ou por falta de credibilidade dos comunicadores. Esperar esclarecimento, organização e responsabilidade por conta dos organizadores parece ser pedir demais nesta véspera de carnaval fora de época. 

Junta-se a este clima o desentendimento pessoal reinante nas hordas internas das agremiações carnavalescas, e as interdições provocadas pela lei de prevenção de incêndio que colocou as escolas contra as autoridades, e consequentemente as escolas colocaram a torcida contra a lei, temos um clima esquisito para este próximo carnaval.

Além de tudo isso termos neste ano a desconfiança natural pela nova comissão julgadora que vem aí, aliás, já existe dirigente de escola de samba ‘’atiçando’’ a torcida sobre um possível favoritismo no resultado do carnaval. E para completar o quadro, a falta dinheiro à dificultar toda e qualquer intenção de fazer o melhor. O melhor de tudo é que está chegando a hora e, de qualquer maneira, passaremos por cima de todas essas situações que fazem deste carnaval um carnaval diferente.

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