sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Agentes e Delegados de Polícia em pé de guerra

Em nota apócrifa divulgada no site do Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores do Rio Grande do Sul (Ugeirm), sob o título “Série de desmandos marcam Uruguaiana”, os Delegados de Polícia de Uruguaiana são acusados de perseguição.
O texto afirma que a direção do Sindicato foi chamada ao município “em virtude de perseguição sofrida por agentes de polícia”, e segue: “Em pleno século XXI ainda verificamos denúncias de perseguição e abuso de delegados contra escrivães e inspetores. As queixas vão desde a falta de urbanidade no trato com colegas de trabalho, até a prática de constrangimento. Há casos de colega que estava em licença médica e foi chamada a delegacia só porque a autoridade de plantão queria ver com seus próprios olhos se o colega estava mesmo doente. Ou seja, alguns profissionais contratados pelo Estado pra trabalhar na segurança, resolvem atuar na área da saúde, como se médicos fossem. Isso é claro, sem contar o desrespeito pelo estado da pessoa afastada para tratamento”, diz a “Nota”. 
“Um certo delegado chegou a pedir satisfação para dois agentes, questionando sobre o que faziam em visita a delegacia da qual era responsável. Há relato de testemunha que dá conta de que os colegas agentes da polícia foram chamados de vadios e vagabundos por um delegado da cidade”, relatou o Sindicato, sem contudo, identificar o delegado agressor. 
A Ugeirm ainda responsabiliza os delegados pela transferência de dois agentes. “Dois agentes foram transferidos, apenas porque decidiram cumprir a legislação que diz ser atribuição da autoridade policial a elaboração de relatório de inquérito, aliás atribuição exclusiva dos delegados de polícia. Assim que soube da disposição dos colegas de não relatar IP, o delegado tornou sem efeito a remoção, não precisava de mais servidores recusando-se a cumprir com atribuições que não lhes dizem respeito na sua delegacia. Passados alguns dias, os agentes foram transferidos para outras delegacias”. 

Queixa

Segundo a nota, o Chefe de Polícia e o Delegado Regional já estão ciente da situação, e houve compromisso na reversão da situação, para terminar com a prática de agentes relatarem os Inquéritos Policiais.
Também durante a visita à cidade, um advogado, não nominado, possivelmente um representante da OAB, pois teria falado em nome da classe, disse que enfrenta dificuldades de relacionamento com os delegados atuais, sendo bem tratado apenas pelos agentes de polícia.
Todas as impressões colhidas serão levadas à Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, e à Ouvidoria da Segurança e Corregedoria da Polícia Civil.

O atestado

No mês de dezembro, uma policial lotada na 2ª Delegacia de Polícia pediu afastamento para tratamento de saúde. Ao notar que o médico psiquiatra que atestou a necessidade de afastamento já havia atestado a mesma doença para outro servidor, que é Inspetor de Polícia e, causalmente, marido da Policial, o delegado Guilherme Gerhardt o convidou a comparecer na Delegacia.
O Sindicato questiona frontalmente a atitude do delegado, acusando o de “absoluta falta de capacidade no trato com os servidores e desconhecimento dos limites das suas atribuições”. “Este delegado questionou a veracidade de um atestado médico apresentado por uma escrivã ameaçando, inclusive, prendê-la em flagrante”, diz a nota, que prossegue afirmando ter sido necessária a intervenção da “Entidade” para que a servidora registrasse uma Ocorrência Policial contra o Delegado, como forma de garantir sua defesa.
Em que pese os agentes impeçam rotineiramente o trabalho dos profissionais de Imprensa nas delegacias, impedindo o acesso a qualquer informação, a nota ainda se queixa da publicidade dada pelo registro em ocorrência das moléstias descritas no atestado médico questionado pelo Delegado.

O delegado

O semblante fechado de Guilherme Gerhardt causou estranheza a alguns policiais e preocupação a outros, pois este sempre deixou claro que não mediria esforços para combater o crime, fora ou dentro da Polícia.
Ao tomar conhecimento da reação do Ugeirm Sindicato, o Delegado disse que a Nota corrompe a verdade, pois sua intenção é combater qualquer tipo de crime, mesmo quando praticado por policiais, acrescentando que os fatos estão sendo rigorosamente apurados no âmbito interno da Instituição, e a solução se dará através dos canais competentes.
Embora a visita do Sindicato tenha acontecido na última semana do mês de dezembro, somente nesta semana, após o delegado Guilherme ter sido destacado à Operação Verão é que a Ugeirm publicou a Nota. Guilherme ficará afastado de Uruguaiana até o mês de março, e garantiu que retornará com a verdade reestabelecida. 

Os novatos

A Ugeirm Sindicato questionou a inexperiência dos delegados lotados em Uruguaiana, ondechegaram no mês de junho e se depararam com uma cidade violenta,com 22 assassinatos registrados em 2012, estatística que se manteve em 2013.
Guilherme assumiu a Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente, dando continuidade as ações de combate a exploração sexual de crianças e adolescentes, que ganharam destaque na mídia nacional. Os crimes praticados contra menores de idade foram combatidos através de várias operações conduzidas por uma equipe de policiais competente e comprometida, obtendo um dos melhores índices de desempenho ao longo dos anos de sua criação na Comarca.

1 comentários:

rwaltrick disse... [Responder comentário]

Dizer que um Delegado de Polícia deu continuidade às ações que antes eram feitas na Delegacia que assumiu, é o mesmo que dizer que os Agentes é que CONTINUAM fazendo o trabalho que sempre fizeram e que a Autoridade nada faria sem eles. Em sendo verdade as alegações do sindicato, devem ser buscadas - talvez judicialmente - as correções necessárias, no que se refere ao assédio moral e ao abuso de otoridade (com essa grafia mesmo) ...