A última terça-feira (05), certamente ficará marcada como um dia histórico para os produtores rurais brasileiros. Respondendo ao chamado de suas lideranças, 24 mil ruralistas reuniram-se na esplanada dos ministérios, em Brasília, para pressionar e reivindicar junto aos congressistas a votação e aprovação do substitutivo do deputado Aldo Rebelo que versa sobre o Código Florestal. Mesmo em face da chuva torrencial, que se fez durante a manhã, da terça histórica ninguém arredou pé da manifestação. A FARSUL, representada lá por seus dirigentes e vários pecuaristas gaúchos, incumbiu-se, dentre outras coisas, de servir um carreteiro, tendo deslocado para Brasília a equipe, já bastante conhecida, responsável pelo panelão, que em tantos eventos no Rio Grande do Sul já participou.
O clima foi de conciliação
Ao contrário do que muitos esperavam, o clima não foi de enfrentamento. Desde as primeiras conversas entabuladas entre Rebelo e lideranças partidárias, pela manhã, houve adesões significativas ao texto do deputado, o que determinou um certo recuo nas posições extremadas de ambos os lados, mais percebida do lado dos ambientalistas, que, até então irredutíveis em suas posições, deram o braço a torcer diante dos apoios conseguidos pelos ruralistas. Prova está que a Ministra do Meio Ambiente, Izabela Teixeira, foi ao Congresso Nacional externar seu desejo de que o substitutivo do Código Florestal fosse levado ao plenário para a votação. Izabela Teixeira, percebendo que antagonizar interesses dentro do próprio governo( MAPA e Meio Ambiente) não seria boa política, tratou de amenizar e buscar posições conciliadoras entre as partes envolvidas.
VOX POPULI VOX DEI: Greenpeace sentou prá trás
Talvez ao vislumbrar dentre as bandeiras desfraldadas na esplanada dos ministérios a do MSTI, aderindo ás reivindicações pró substitutivo, Paulo Adário, todo poderoso dirigente do Greenpeace, abandonou a empáfia que lhe é peculiar e passou a adotar um tom conciliador. Adário, ostentando um belo brinco de brilhante em sua orelha, quiçá adquirido com alguma sobra das polpudas verbas com que esta instituição é brindada para empacar o desenvolvimento do agronegócio brasileiro, cambiou seu discurso em meio as negociações. O dirigente da ONG afirmou que defende um tratamento diferenciado aos pequenos produtores no que tange as APPs, reserva legal e o aspecto financeiro da denominada agricultura familiar. Adário diz não abrir mão do desmatamento zero, colocando que para áreas não florestais esta marca deveria ser atingida até 2020, e, para a Amazônia até 2015. Intentando um movimento de enxadrista, Paulo Adário utilizou a lavoura orizícola como exemplo de que não se necessita de mais terras, assim como da diminuição dos espaços reservados à reserva legal, pois a produção de arroz teve sua produtividade aumentada, mesmo com redução da área cultivada. Não pegou. Confundir tecnicidade, investimento em tecnologia e profissionalização da mão-de-obra com cerceamento da produção agrícola é, no mínimo, insensatez. Proposta recorrente durante a terça histórica entre os ruralistas era de que o Greenpeace, em aprovado o Código Florestal, aproveite e demande campanhas na Europa, Estados Unidos e Ásia, pois só o Brasil possui código semelhante.
Presidente da Câmara de Deputados a favor do diálogo
O deputado Marco Maia (PT/RS), presidente da Câmara de Deputados, mostrou-se favorável ao entendimento entre ambientalistas e proprietários rurais. Maia entende que devem-se esgotar as negociações para colocar-se em votação o substitutivo do deputado Aldo Rebello. A princípio o tema seria levado a plenário para votação ainda na primeira quinzena de abril, o que, para os analistas, é quase impossível, devido as inúmeras questões ainda em aberto nas negociações.
CNA não sentou-se à mesa com o Greenpeace
Durante o desenrolar dos fatos, alguns articuladores intentaram sentar à mesa o CNA e o Greenpeace. Como era de se esperar o tiro saiu pela culatra. A senadora e presidente do CNA, Kátia Abreu, foi taxativa ao negar-se, ou sequer, ouvir a ONG. Kátia Abreu entende que a entidade presta um desserviço ao agronegócio ao defender o cerceamento e o retrocesso do processo produtivo no campo. A senadora ainda, logo após conversa mantida com o deputado Marco Maia, no final da tarde de terça(05), externou sua insatisfação com o que ouviu do parlamentar, pois Maia não confirmou o envio do substitutivo para votação em plenário antes do final do mês.
Anistia é motivo de queda de braço entre ambientalistas e ruralistas
Ponto nevrálgico entre ambientalistas e proprietários rurais, a anistia para as empresas, até 2008, que hoje se encontrariam na ilegalidade, de acordo com o texto vigente, promete render pano prá manga.
Pesquisa realizada em programa televisivo revelou apoio aos ruralistas
O programa Conversas cruzadas (TV COM), comandado por Lasier Martins, realizou pesquisa de opinião sobre o assunto na edição de terça-feira(05). Presentes representantes da FARSUL, FETAG, o vereador Beto Moesch (ambientalista/POA) e o professor Elesbão, da UFSM. O resultado apontou 63% das opiniões favoráveis aos proprietários rurais, contra 37% dos ambientalistas.
Enquanto isso...
Pasmem. Enquanto as atenções do país estavam voltadas para as negociações e a manifestação dos ruralistas em torno do Código Florestal, nossos legisladores reuniam-se em sessão extraordinária, na Câmara de Deputados, para aprovar a criação de mais uma empresa pública com bilhões de reais colocados à disposição pelo BNDES. Motivo. Construção de uma linha férrea de alta velocidade (trem bala) entre São Paulo e Rio de Janeiro. A base governista tão cuidadosa e morosa quanto ao Código Florestal, passou de roldão sobre as tentativas de impugnação da oposição.
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