O Canil Municipal vive uma situação quase calamitosa, com vários animais doentes, poucos recursos, e sequer medicamentos disponibilizados pela secretaria de Saúde, pasta à qual está vinculado.
Ontem, 22/1, o local, cuja designação correta é abrigo de animais, e não canil, abrigava 187 animais, isto segundo o grupo de voluntários Amigos do Canil, pois, para a secretária de Saúde, Saionara Marques Almeida dos Santos, lá estão abrigados aproximadamente 125 animais.
Para atender toda essa população canina, dois veterinários se revesam no atendimento, e há apenas um funcionário que se dedica a manuntenção da precária estrutura, fazendo os serviços de limpeza e reparos de penquena monta, além de ser o único responsável pela alimentação da “cachorrada”. Nesse contexto, o trabalho dos “Amigos do Canil” é vital.
“Uma cadela que foi abandona aqui estava prenha e deu à luz sete filhotes, e outra cadela, com sete filhotes já nascidos, foi deixada aqui, elevando o número de cães”, conta uma voluntária.
Estão sendo construídas no local 36 baias que, segundo a secretária Saionara, estarão prontas em breve.
Ela conta ainda que o veterinário responsável pelo abrigo, Sandro Ferrão, está articulando com a Universidade Federal do Pampa (Unipampa) um convênio para realização de eutanásias em cães infectados com leishmaniose, semelhante ao que existia com o hospital veterinário da Pontifícia Universidade Católica (PUC), vez que este encerrou as atividades em novembro último. O próximo passo, conforme Saionara, é a construção de um ambulatório para realização de procedimentos veterinários, entre eles a própria eutanásia. Tal realização, segundo ela, deverá ocorrer imediatamente após o término da construção das baias.
No entanto, os voluntários que atuam no abrigo, mais de 20 pessoas, dizem que a preocupação da Secretaria de Saúde com a situação vivenciada no local não é tão grade assim, pois o local está ‘no limite’. “Entendemos que não tem ambulatório, que não tem estrutura, mas uma bicheira os veterinários teriam que curar; nem isso acontece”, diz uma voluntária do grupo. Um dos lideres, Armando Falcão, destaca que após o início das atividades do Grupo, as fêmeas foram castradas, foram construídas algumas baias e feita uma separação dos cães. “Separamos machos de fêmeas, separamos alguns animais, mas quando começou a obra da Prefeitura para construção das baias, uma das primeiras ações foi reunir os animais. Já perdemos pelo menos 10 animais em razão disso, por brigas entre eles”, conta.
Falcão denuncia ainda as atitudes da Secretaria com relação a animais doentes. Segundo ele, em caso de uma pessoa ligar para a secretaria, dizendo que seu cão está doente, um veterinário do município é destacado até a residência da pessoa e, se constatar que o animal está realmente enfermo, o leva para o canil. “Eles pegam os animais dizendo que irão tratá-los, mas os deixam lá, sem nenhuma assistência e junto com animais saudáveis ou em tratamento há mais tempo”, conta. Ele acusa a veterinária Aline, que também trabalha no local, de ter recebido de um casal em um veículo Astra, uma cadela com sete filhotes. “Sem nenhum critério, a veterinária autorizou a entrada destes animais”, conta.
Os voluntários complementam a alimentação dos animais com cerca de 30 quilos de ração/dia. Também são eles que mantêm as medicações de animais doentes. “Os veterinários do canil não tem sequer um kit básico de primeiro atendimento, não há medicamento nem mesmo para cinomose e parvovirose”, diz Falcão. Cerca de 70 cães sofrem de leishmaniose, esses animais estão recebendo tratamento pelos voluntários que vão ao local em grupos, de manhã e à tarde.
O município também não tem qualquer controle quantitativo e/ou qualitativo dos animais abrigados, doentes, ou adotados. Não existem registros, não existe estrutura, falta interesse público, sobram problemas.
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