As dívidas e contas de início de ano - como os tradicionais impostos - pesaram no bolso do consumidor brasileiro. A inadimplência no primeiro bimestre deste ano cresceu 25,4%, quando comparada com o mesmo período do ano passado, segundo levantamento da Serasa Experian. A explicação para o crescimento é o acúmulo de dívidas e o encarecimento do crédito, ocorrido em decorrência da política monetária para controle da inflação. Em 2010, havia uma série de incentivos por parte do governo para que as pessoas consumissem. O crédito era farto e as condições de pagamento, facilitadas.
Por outro lado, a inadimplência do consumidor registrou queda de 2,3% em fevereiro em comparação com janeiro de 2011, representando o segundo recuo mensal consecutivo.
De acordo com a Serasa, as retrações registradas nos primeiros meses do ano dão sinais de que a inadimplência está perdendo o fôlego, o que deve refletir na comparação entre iguais meses deste ano e 2010 nos períodos a seguir. Na comparação anual - fevereiro em relação ao mesmo mês do ano passado - a inadimplência registrou alta de 25,9%.
Para o presidente da Acisbec (Associação Comercial e Industrial de São Bernardo), Valter Moura, a alta no volume de pessoas inadimplentes é sazonal, e, portanto, já esperada pelos empresários e comerciantes. "Mesmo assim, as pessoas não deixam de consumir, elas apenas brecam um pouco os gastos. Se antes compravam duas calças, hoje vão comprar apenas uma."
O presidente da ACE (Associação Comercial e Empresarial de Diadema), Gildo Freire, concorda com a afirmação e completa. "Até o Carnaval as pessoas não contabilizam seus gastos. A partir dos próximos meses, os consumidores terão maior consciência financeira. Todos os anos são assim. É por isso que o comércio incentiva as vendas de fim de ano, já que sabem que nos primeiros meses as pessoas pagam suas contas e consomem menos."
SETORES - A pesquisa da Serasa aponta ainda que, na decomposição do indicador, as dívidas não bancárias (cartões de crédito, financeiras, lojas em geral e prestadoras de serviços como fornecimento de energia elétrica e água) foram as principais responsáveis pelo recuo mensal do índice, com queda de 1,9%. A inadimplência com os bancos também contribuiu para o declínio do indicador, com participação de 0,9%.
VALOR - Em fevereiro, em comparação com o mesmo mês do ano anterior, o valor médio das dívidas não bancárias teve queda de 8,2%. As dívidas realizadas com os bancos também apresentaram recuo de 7,7%. Já os títulos protestados e os cheques sem fundos tiveram crescimento de 8,8% e 6,0%, respectivamente.
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