quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Com direito a placa, Celemaster conquista feito inédito


Que o futsal está no DNA do uruguaianense, todos já sabiam. Que tinha também nessa genética a participação feminina, faltava apenas o que foi testemunhado por mais de três mil pessoas no sábado (13), no Ginásio Municipal Oscar Miranda Schimidt. Bom lembrar o que aconteceu do lado de dentro e no de fora também. Afinal de contas, teve gente até na rua acompanhando o jogo transmitido para um telão montado nas paredes do Ginásio. Tudo isso para levar ao torcedor da Celemaster Uruguaianense as emoções de uma partida inesquecível. 
E põe emoções nisso. Elas não faltaram. Pelo contrário, vieram em abundância. Bom lembrar o que a argentina Becha dizia ainda na sexta-feira (12), entre amigos. “Podem esperar, vão ser muitas emoções. O jogo não é para quem sofre do coração”, garantia na véspera, a goleadora da competição, com 52 gols, e escolhida como a melhor jogadora do certame.
Só que Becha não precisava ter exagerado na profecia. A decisão contra a ACBF, de Carlos Barbosa, foi recheada de lances que colocaram a torcida em apreensão. Cada minuto era um misto de sofrimento ou delírio. Menos mal, que a história acabou bem para o time do Tricolor da Fronteira. 
Equilíbrio e surpresas
O jogo começou equilibrado, com chances para os dois lados, mas sempre com a iniciativa do time do técnico André Malfussi, que optou por escalar uma equipe bem ofensiva para iniciar a partida, tendo Becha e Duda mais a frente, sendo assessoradas por Gabriela e Dani. Mas o nome do jogo na primeira etapa foi mesmo a goleira Jéssica, que com grandes defesas justificou o que a torcida vem dizendo nas últimas apresentações da equipe. Para muitos, pelos milagres realizados durante o campeonato, Jéssica já pode ser colocada entre as melhores da posição no país. Mesmo a boa fase da goleira não pode evitar o primeiro gol do jogo, dos pés da excelente Pâmela. Numa boa jogada da equipe laranja, aos 11min23seg, ela abriu o placar e pôs ainda mais apreensão em um jogo cheio de alternativas. Enquanto isso, do outro lado da quadra Becha e Cia continuavam criando e perdendo chances. 
Mesmo com algumas mudanças, o time de Malfussi não conseguiu marcar no primeiro tempo, deixando tudo para a fase final do jogo. 
Na volta da segunda etapa, o que poderia ser ruim para a Celemaster, piorou. E não é que foi dos pés da sua melhor jogadora. Ela mesma, Becha, num lance de rara infelicidade, jogou a bola contra suas próprias redes, logo aos 2min16seg. 2x0 para a ACBF, e o que o mais pessimista torcedor pudesse pensar, virava um pesadelo em meio a uma festa que para todos já tinha hora para iniciar. Mas o que pareceria ser apenas questão de tempo foi se tornando perigoso. 
Mas quem tem Becha, Gabriela e Jéssica em quadra pode esperar tudo. E não é que a virada começou a se concretizar num lance de gênio da camisa 31, Gabriela. E em um lance de lateral, quando nem mesmo a torcida esperava um perigo maior para a meta da goleira Luíza, escolhida a menos vazada do certame, veio o início de uma reação histórica. Aos 3min53seg da segunda etapa, ao receber a cobrança de Becha, Gabriela, de bico, tocou no canto esquerdo de Luíza, que ao ver a bola tocar na trave e resvalar para o fundo das redes, não acreditava no que estava acontecendo.
A ACBF dava nesse lance, a oportunidade de reação à Celemaster. E era a chance que a torcida esperava para por abaixo o Shimitão. E foi o que aconteceu a partir daí. Com a força ainda maior de uma torcida frenética, a Celemaster tomou conta por completo do jogo. O que parecia ser impossível, na medida em que o jogo acontecia, era apenas questão de tempo para se tornar realidade. E com a ajuda do árbitro Ricardo Amaral Messa, que viu pênalti em uma jogada duvidosa na área da ACBF, Gabriela teve a chance de empatar o jogo. E a capitã do Tricolor da Fronteira não perdeu a oportunidade. Num chute forte, não deu chances para Luíza e empatou o jogo, aos 6min23seg do segundo tempo. O empate já favorecia as meninas da Celemaster. Mas motivadas pela adrenalina gerada pela torcida local, o único resultado que se esperava era o da vitória. E ela só poderia chegar dos pés da goleadora Becha. A Argentina, em uma jogada individual, deixou para trás a marcadora e na saída da goleira Luíza, tocou de mansinho para o fundo das redes. Eram 10min53seg e Becha enlouquecia por completo o ginásio. O time do técnico Henrique Pianta ainda esboçou uma reação, mas que acabou rapidamente. Em uma escapada em contra-ataque, Becha e Gabriela saíram em tablea até a meta adversária. Becha, que no jogo anterior foi criticada por não passar a bola do jogo para uma colega melhor posicionada, lembrou daquilo, e entregou de bandeja o quarto gol para Gabriela sacramentar a vitória, 4x2 no placar, aos 11min20seg. 
Depois disso, o que era natural aconteceu. A ACBF de Pianta foi para cima do time da Fronteira com a goleira-linha. Mas não conseguiu chegar ao gol, mesmo tendo a seu favor dois tiros livres. O desequilíbrio emocional da equipe laranja chegou ao ápice com a expulsão de Pâmela, faltando 15 segundos para o final do jogo. 
Embalada pelo coro de mais de três mil vozes de “É campeão, é campeão”, a Celemaster Uruguaianense fez história. Merece placa no Ginásio Municipal de Esportes Oscar Miranda Schimidt. O primeiro título estadual de alto nível conquistado por uma equipe local em casa. 
Agora que venha a Taça Brasil em 2015. Um novo desafio, a um time acostumado a superar dificuldades. E a se superar. Parabéns meninas, parabéns futsal uruguaianense, de novo, no topo do Estado. 
Celemaster: Jéssica, Dani, Gabriela, Duda e Becha. Jogaram também Tay, Victória, Deli e Francieli. Ainda participaram do jogo Andressa Cerentini, Amanda, Helena, Mariana e Tuigui. 
Técnico: André Malfussi.
Gols:Celemaster : (31) - Gabriela, aos 23’53”, 26’23” e 31’20” e (8) - Becha, aos 30’53”
ACBF: (12) - Pamela, aos 11’23” e (8) - Becha (contra), aos 22’16”.

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