Um sorvete à Brigada
Daiany Mossi
Nesta semana alguém ligou para a Brigada Militar pedindo que um ou dois policiais fossem ao seu estabelecimento comercial “dar uma olhada”, pois um sujeito estranho chegou à sorveteria, fez o pedido e sentou-se para aguardar com semblante suspeito. O policial perguntou se era estranho alguém ir à sorveteria às 18h e comprar um sorvete. O sorveteiro retruca e fala que o homem tinha características peculiares: cabelos longos e boné sujo. Ao ser informado de que as viaturas estavam em patrulhamento, que repassaria a informação, mas que parecia algo normal, o policial é surpreendido pela proposta: “Me manda dois brigadianos aqui, nem que em troca do serviço eu precise dar-lhes um ou dois sorvetes”, disse o tal homem.
Lamentável, mas é desta forma que algumas pessoas, talvez muitas, vêem o trabalho da Brigada Militar, e me refiro à instituição, em Uruguaiana ou em qualquer outro lugar do Rio Grande do Sul. Se pararmos para pensar, o sorveteiro só estava tentando garantir a sua segurança, mesmo que tivesse que corromper o policial com um “mimo”. O PM, diferente de outros, preferiu ficar de “goela seca” e pagar pelo próprio sorvete no fim do “sv”. Me deu um baita orgulho deste PM quando soube da história, pois ele chamou o empresário de desaforado e pediu que respeitasse a Brigada Militar. Este merecia ter o nome divulgado, pena que corre o risco de ser punido por ter contado o fato, já que nem sempre os bons se dão bem.
A culpa deste conceito é da própria Brigada Militar, pois o sorveteiro certamente é amigo do dono da lotérica, da padaria, do restaurante ou da farmácia que têm ou já tiveram policiais como serviçais. Nunca mais se falou sobre o caso do tenente aposentado que procurou o comando para denunciar o “café da manhã” de policiais. Lembram? O tenente das antigas foi às rádios e jornais contar que uma viatura estacionava em frente a uma padaria e que lá os policiais se alimentavam gratuitamente, pois em troca estavam mostrando aos bandidos que naquele lugar tinha “brigada”. Não deu em nada. “Taparam o sol com a peneira”.
O policial militar que nos orgulha é aquele que se entrega a profissão com amor, que é brigadiano 24 horas e que sente o “cheiro de vadio” de longe. Conheço muitos deste tipo e estes quando vejo por aí, os chamo de “POLÍCIA”. Foi um desses, “POLÍCIAS”, que me disse certa vez: “só durmo bem quando prendo um bandido ou evito um crime, caso, contrário me sinto um bobalhão”. Se for assim tem muito “bobalhão” por aí.
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