Febre entre frequentadores de academias de ginástica que desejam ganhar massa muscular, os suplementos proteicos estão na mira da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Só neste ano, 23 lotes tiveram distribuição e comercialização vetadas pela agência por causa de erros de composição. No ano passado, não houve proibição de produtos da categoria definida como “alimentos para atletas”. Especialistas alertam que os problemas apontados pela agência podem causar danos à saúde dos usuários.
Os suplementos proteicos entraram no radar da Anvisa recentemente, por causa do número de denúncias. Em 2013, o debate sobre a qualidade dos produtos (sobretudo os chamados whey protein, feitos do soro do leite) ganhou força entre usuários. Alguns chegaram a pagar laboratórios particulares para avaliar as composições.
Especialista apoia ação, mas recomenda que seja antes do início da venda
Especialista em nutrição esportiva, Simone Maia aprova a intensificação do controle por parte da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre os suplementos alimentares, mas acha que o processo deveria ocorrer antes do início da comercialização do produto.
“A fiscalização dá segurança para que nutricionistas prescrevam o produto adequado ao paciente. Nossos cálculos são baseados nas informações fornecidas pelos suplementos, então é importante que eles não façam propaganda enganosa”, observa. “Mas quando a proibição ocorre depois de as vendas já terem sido iniciadas, os profissionais ficam confusos sobre o que podem indicar”, complementa.
Usuário de suplementos proteicos há três anos, o representante comercial Márcio Cruzeiro, de 42 anos, confirma que há uma moda entre frequentadores de academia. “Quase todo mundo que frequenta academia toma, é um modismo. E muitos usam sem orientação médica, só de orelhada, vão na onda dos outros”, afirma. “Treino cinco vezes por semana, cerca de uma hora e 20 minutos. No meu caso, funciona. Mas isso depende muito do perfil da pessoa. Por isso, é importante procurar um nutricionista”, recomenda.
O discurso de Cruzeiro é repetido pela publicitária Glaucia Arakaki, de 28 anos, que toma até dez suplementos alimentares por dia, entre eles o whey protein. “Sou acompanhada por um nutricionista ortomolecular que é formado também em educação física. Faço hemograma todo mês para ver como estão as funções hepáticas. E avaliação funcional também”, conta Glaucia. “Tento comprar aquelas marcas nas quais já confio”, observa.
Neste ano, a Anvisa fez um monitoramento em 30 marcas. Apenas sete produtos apresentaram resultados considerados satisfatórios. Os demais tinham problemas, sobretudo de divergências entre a quantidade de carboidratos e de proteínas presentes e as declaradas no rótulo. As análises apontaram ainda a presença de soja (alimento considerado potencialmente alergênico) em dois lotes, sem que a substância tivesse sido listada entre os ingredientes no rótulo.
Diretor da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (Sbmee), Jomar Souza diz que os problemas na rotulagem fazem com que o consumidor use um produto diferente daquele que foi recomendado por seu médico ou nutricionista.
“Se o produto tiver proteína de menos, a pessoa não terá o resultado esperado, ou demorará muito tempo para ter aumento de massa muscular. Já o carboidrato em excesso pode começar a ser estocado como gordura e provocar aumento do peso corporal”, explica. “No caso de um diabético ou de uma pessoa com intolerância a glicose, pode haver uma descompensação”, afirma.
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