O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, afirmou na manhã deste sábado, dia 22, que vai atender a reivindicação do setor produtivo do arroz e incluir a proposta de renegociação do preço mínimo do cereal na pauta do ministério. Geller discursou durante a 24ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz, que ocorreu em Mostardas, no Rio Grande do Sul.
– Todas as reivindicações do setor foram atendidas até o momento. Em termos de mercado, não deixamos o preço cair demais para que o produtor tivesse renda e nem o aumentamos muito para não inflacionar a economia. Temos recurso do governo para oferecer EGF [Empréstimos do Governo Federal, instrumento da Política de Preços Mínimos] aos produtores, assim eles vendem no momento oportuno. Vamos levar a proposta do preço mínimo até o Mapa e essa demanda deve ser atendida.
O secretário e outros líderes agropecuários presentes no evento comemoraram o bom momento da rizicultura no Estado, que era marcada por uma dívida histórica, renegociada em 2012.
– O arroz do Rio Grande do Sul é de excelente qualidade. Saímos da crise com três safras consecutivas de ótima produtividade e com a saca vendida a R$ 35,00. Aprendemos a ter uma produção equilibrada, sem brigar com o mercado, não produzimos a mais nem a menos. O estoque baixou, não temos mais a grande oferta – lembrou o secretário da Agricultura, Pecuária e Agronegócio do Estado, Luiz Fernando Mainardi. Apesar de a cadeia registrar elevação nos índices de produtividade (neste ano, o valor médio deve alcançar 7,5 mil toneladas por hectare) e avanços econômicos nas últimas safras, dirigentes de associações presentes no evento alertam que o lucro “ainda não está nas mãos dos produtores”.
– Fizemos um levantamento de julho de 1994 a dezembro de 2013: a inflação subiu 316%, o preço do adubo cresceu 434%, o do diesel, 557%, e o do arroz apenas 266%. Onde estão os recursos? Onde está o lucro do produtor? O desafio nesse momento é claro: encontrar um mecanismo para que uma parcela da produtividade seja revertida em lucro par ao agricultor – destacou o vice-presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag), Carlos Joel da Silva.
A logística foi outro assunto levantado pelas lideranças:
– Em quanto aumenta o custo de produção para exportar a safra diante da situação encontrada nas estradas do Rio Grande do Sul? Quantas propriedades não podem melhorar a estrutura devido à falta de potência da energia elétrica no meio rural? – questionou Silva.
– Nosso maior desafio é escoar a safra. Apesar de asfaltada, a estrada segue cheia de buracos, e de São José até o Porto de Rio Grande, a travessia é feita de balsa – relatou o produtor rural José Mathias Bins Martins, da Fazenda Cavalhada, referência na qualidade do arroz.
O Rio Grande do Sul também retomou as vendas ao exterior nos últimos anos, fazendo negócios com mercado como a Nigéria e países da América Central. A balança comercial brasileira do grão deverá ser positiva pelo terceiro ano consecutivo com a venda de 1,2 milhão de toneladas.
– O momento é de recuperação do crédito, renegociação de dívidas, retomada das exportações. Isso foi possível devido a um conjunto de políticas públicas que vem melhorando as condições de preço e de renda. Historicamente, somos um grande importador, mas há cinco anos estamos começando a abrir o mercado para o nosso arroz. A cadeia está se reestruturando – enfatizou o presidente do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Claudio Pereira.
O Rio Grande do Sul responde por 70% da safra brasileira e produz um volume equivalente a um terço do da produção orizícola da América Latina. De acordo com o Irga, a previsão para a colheita 2013/2014 é de 8,2 milhões de toneladas no Estado, um aumento de 2,6% em relação ao ciclo passado. A área cultivada é de 1,1 milhão de hectares.
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