quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Califórnia deixa prejuízos e músicos continuam sem receber


Os músicos e compositores que participaram da 37ª Califórnia da Canção Nativa ainda não receberam o dinheiro referente à subvenção das finalistas e às premiações, conforme previsto no regulamento do festival. Os artistas bancaram de seus próprios bolsos a hospedagem, a alimentação e a viagem até Uruguaiana, com a promessa de aqui serem remunerados. 
“Meu nome é Fernando Saldanha, sou gaúcho uruguaianense, artista brasileiro. Falo aqui como cidadão e letrista de uma das 12 finalistas. A composição da qual faço parte foi agraciada com o prêmio máximo – a Calhandra, troféu tão sonhado pelos músicos rio-grandenses – motivo de grande orgulho e honra. Um sonho realizado. Por outro lado, sinto-me multiplamente lesado: Por não receber o cachê que me corresponde! 
Por ver manchada a Califórnia, um nome que me criei admirando, um acervo que através dos tempos têm formado tantos músicos como eu!
E, não menos, por ter de voltar tanta energia, que deveria estar canalizada para arte, para criticar o festival que tanto amo, visto que, como qualquer trabalhador, preciso de meus honorários para subsistir!”, disse Sandanha nesta semana, em comentário postado em seu blog. Além de Fernando, outros artistas foram lesados e tentam receber os valores prometidos pelos organizadores. “É notório que o artista é pouco valorizado no Brasil. É fato que a maior riqueza que temos é a arte, sobretudo a música. São mais de 40 músicos e compositores prejudicados com esse impasse. E dizer que o discurso geral dos organizadores era resgatar e credibilidade do evento. Transtorno desnecessário. Não fosse por necessidade financeira, eu estaria fazendo um poema agora, uma letra… E não este texto pedindo socorro.
Por tantos imperativos, como, por exemplo, contas a pagar, temos de fazer um papel que não queremos. Um papel que não nos cabe: cobrar publicamente da Califórnia. Nós, que peleamos pela cultura precisaríamos estar passando por essa dificuldade? Será, que, nestas quatro décadas de festivais nativistas, não deu pra aprender que quem primeiro deve receber são aqueles que fazem a festa, que dão o show? Pois os cantores, compositores, instrumentistas são quase sempre os últimos a ganharem… Isso se ganharem… Segundo reportagem do Jornal do Almoço, o evento custou 300 mil reais e faltam 42 mil para saldar a dívida com os músicos. Mais uma vez ficamos nos final da lista de pagamentos. Os impostos não esperam. Tampouco as taxas de luz, água, telefone… Parece que só os artistas sabem esperar.
Este dinheiro anunciado no regulamento, que está não sei onde, já poderia ser um violão novo, um disco recém-gravado, um livro no prelo… Poderia, inclusive, ser gasto no próprio comércio de Uruguaiana se tudo fosse acertado assim que se saísse do palco. Perde o artista e perde a arte. Perde o estado e perde a cidade. O pior é que ninguém aponta uma perspectiva. Há um clima de impessoalidade no ar. A quem devemos apelar? Ficam somente perguntas sem resposta”, finalizou o músico.
Pirisca Greco recorreu a Assembleia Legislativa nesta semana, no intuito de receber os valores. “Vamos recorrer a Assembleia, pois a Califórnia é patrimônio público do Estado e sua história está sendo manchada”, relatou Pirisca.
Segundo o patrão do CTG Sinuelo do Pago, presidente da Comissão Organizadora do evento, Ivoné Colpo, o pagamento completo do que foi acordado com os músicos não foi feito devido á desistência de dois patrocinadores de Uruguaiana e um de fora do município. Também, o evento não recebeu recursos da Lei Rouanet.
Conforme Ivoné foi acertado cachê total de 96 mil reais aos músicos, sendo que 54 mil já foram repassados a eles. “O restante do cachê será pago assim que a Comissão levantar recursos”. A Califórnia teve a arrecadação de R$ 234.674,35 mil. O custo do evento foi de R$ 287.507,47 mil.

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