quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Quadrilha argentina lavava dinheiro via Uruguaiana




Nilson Corrêa

O Justiça Federal Argentina em Paso de los Libres expediu 14 mandados de busca e apreensão, além de mandados de prisão de suspeitos de ligação com uma organização criminosa que lava dinheiro oriundo de operações financeiras ilegais e exploração sexual.
Está envolvido o ex-promotor federal Benito Pont, que pediu demissão do em junho deste ano, após os primeiros indícios de que acobertava os crimes praticados.
Os mandados foram cumpridos em Paso de los Libres e Buenos Aires, onde foram aprendidos documentos, dinheiro em espécie (dólares, euros, guaranis e pesos argentinos), 14 automóveis de luxo, títulos de propriedade de imóveis, letras de câmbio e joias, embarcações, telefones celulares e computadores e armas.
Foram cumpridos cinco mandados de prisão, sendo detidos Hector Sebastián Gavarone, Hector Rodrigo Marsilli, Ricardo Aguirre, Leonardo Zappa e David Loza; Pablo Marsilli, está foragido; Ricardo Gustavo Aguirre, Eduardo Bravo, Fernando Marticorena e Gentil Castro serão citados. Os integrantes são titulares de empresas como “Gabac SRL”; “Awkward Transportes Ltda. (brasileira)”; “Marga SRL”; “Hcv-Rcm SRL”; “Aguirre Automotores”, e “GusMar SRL”, entre outras. 
A juíza Cristina Pozzer Penzo quebrou o sigilo fiscal e bancário, e ampliou a investigação às pessoas mais próximas dos envolvidos, bem como a busca de bens móveis e imóveis no Brasil, Uruguai e Paraguai. Em Uruguaiana, Gustavo Aguirre mantém relacionamento com uma agropecuarista, e Gentil Castro é casado com a proprietária de uma ‘peluqueria’.
A investigação decorre de outra, de exploração de mulheres como escravas sexuais em bordéis librenhos, e motéis de propriedade de Ricardo Aguirre, Clélia Spada (esposa), e Gustavo (filho). Foram resgatadas 12 mulheres.
O grupo era protegido do ex-promotor Benito Pont, e de seu ex-cunhado, Joseph Viero, ex-comandante da Gendarmeria Nacional. Pont depôs à Justiça argentina segunda-feira.
A lavagem
A investigação apurou que integrantes da quadrilha cruzavam a fronteira para, em Uruguaiana, trocar pesos argentinos por reais que, na sequência, eram convertidos em dólares no Paraguai e depois enviados a Buenos Aires, onde eram novamente trocados por pesos em uma casa de câmbio em Puerto Madero, rendendo resultado financeiro superior a 20%. O lucro era “legalizado” através das empresas da quadrilha, juntamente com o lucro da exploração sexual de mulheres e agiotagem.
Esse tipo de operação foi empregada em larga escala por uma empresa transportadora uruguaianense. Contudo, a má gestão, deslumbre e soberba de um de seus diretores levou a empresa à bancarrota, deixando dívidas trabalhistas, bancárias, de frete, e inúmeros cheques descobertos, comprometendo seriamente o patrimônio de um dos sócios.

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