Uma nova forma de meningite, transmitida por parasitas, está se espalhando pelo Brasil. Um levantamento publicado pela revista científica Memórias do Instituto Oswaldo Cruz mostra que a meningite eosinofílica já foi diagnosticada nas regiões Nordeste, Sul e Sudeste — Os casos da doença ocorreram em São Paulo, Rio, Espírito Santo, Pernambuco, Paraná e Rio Grande do Sul. Foram diagnosticados 34 casos e uma morte desde 2006.
As formas mais conhecidas da doença são virais ou bacterianas. Já a eosinofílica é causada por um verme, o Angiostrongylus cantonensis, e é transmitida por crustáceos e moluscos — incluindo o caramujo gigante africano. Tratando-se de um parasita recente, identificado no país há oito anos, a preocupação dos pesquisadores é alertar profissionais de saúde.
— Os médicos não estão atentos a essa forma da doença, mais por falha de educação e de treinamento. Eles querem saber se a meningite é viral ou bacteriana e não prestam atenção aos outros agentes — declara o médico Carlos Graeff-Teixeira, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Ele assina o artigo com a bióloga Silvana Thiengo, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), e com o médico Kittisak Sawayawisuth, da Universidade de Khon Kan, na Tailândia, onde a doença é endêmica.
Os sintomas da meningite eosinofílica são semelhantes aos das outras: dor de cabeça persistente, febre alta e, menos frequentemente, rigidez na nuca. O que permite diferenciar é o exame do liquor — líquido entre as meninges, extraído por punção lombar:
— O aumento de eosinófilos, que são células de defesa do organismo, é típico de infecção por parasita e verme — afirma Graeff-Teixeira, que explica que o verme não se desenvolve no organismo humano e o tratamento é feito com corticoides, para reduzir a reação inflamatória. O tratamento ameniza os sintomas e evita o agravamento da doença, que pode deixar sequelas como disfunção nos movimentos de braços e pernas, redução ou perda da visão e audição.
0 comentários:
Postar um comentário