sexta-feira, 13 de junho de 2014

Estudo analisa qualidade de méis produzidos no Bioma Pampa

Uma pesquisa realizada com apoio da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), Campus São Gabriel, analisou a qualidade do mel produzido no Bioma Pampa e os seus potenciais efeitos benéficos à saúde humana. A investigação foi conduzida pela mestre em Ciências Biológicas Litiele Cezar da Cruz, bióloga egressa da Instituição, sob orientação do professor Jeferson Luís Franco. Um dos resultados é a indicação do efeito hipoglicemiante das amostras, ou seja, a sua capacidade de diminuir os níveis de glicose (açúcar) previamente elevados no sangue. Essa característica sugere o potencial de uso do mel em terapias contra doenças crônicas, como o diabetes. 
A pesquisa começou em 2011 e resultou na dissertação intitulada Caracterização Físico-Química do Mel do Bioma Pampa Brasileiro e Estudo do seu Potencial Antioxidante in vitro e in vivo em modelo de Drosophila melanogaster. O estudo comparou dez amostras de mel em relação aos níveis de glicose, com experimentos in vivo e in vitro. Apesar do alto teor de açúcar do tipo sacarose no alimento, grupos de moscas-das-frutas (Drosophila melanogaster) que ingeriram amostras de mel não tiveram seus níveis de glicose alterados, em comparação com as cobaias alimentadas com açúcar comercial. Dez diferentes amostras de mel foram fornecidas pela Cooperativa Apícola do Pampa Gaúcho (COOAPAMPA), retiradas a partir de produtos vindos dos municípios de Viamão, São Borja, Uruguaiana, Alegrete, Cacequi, São Gabriel, Vila Nova, Quaraí, Rosário do Sul e Santana do Livramento. 
O mel apresenta efeito anti-hipertensivo, anti-inflamatório, protege órgãos como o fígado e o estômago e previne a infecção por micro-organismos. A pesquisadora explica que o potencial hipoglicemiante do mel já é conhecido pela literatura, porém o fator que confere esse efeito ao alimento ainda é desconhecido.
- Alguns autores trazem a hipótese da frutose presente do mel fornecer esse efeito; outros falam do efeito compensatório do mel, ou seja, por ele possuir diversos compostos, ao mesmo tempo em que ele aumentaria a glicemia [açúcar no sangue] devido à quantidade de açúcar nele presente, compensaria os danos com outros componentes, como os compostos antioxidantes. O que leva a esse efeito, quais compostos, ou se é o próprio complexo do mel que fornece esse potencial hipoglicemiante, está sendo o tema trabalhado em minha tese – afirma Litiele, que cursa o doutorado no PPG Ciências Biológicas: Bioquímica Toxicológica na Universidade Federal de Santa Maria. Testes de qualidade realizados nas amostras ainda apontaram valores quase indetectáveis de outra substância produzida durante o envelhecimento natural do mel, o aldeído hidroximetilfurfural. O composto serve como um sinalizador da qualidade do alimento, é desnecessário e indesejável para o ser humano e só pode ser detectado com exatidão através de análises laboratoriais. A legislação brasileira permite uma quantidade de 60 miligramas de HMF por quilo de mel, e o valor encontrado nas amostras variou de 1,6 a 17,8 miligramas do composto por quilo. Os resultados ajudam a caracterizar o mel produzido na região do Pampa, o que pode levar a mais conhecimento sobre os compostos presentes e seus efeitos e quais fatores concedem essa qualidade aos méis da região.

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