Acadêmicos da Unipampa interromperam a sessão ordinária da Câmara de Vereadores na quinta-feira e acamparam-se no Plenário Borges de Medeiros. Eles chegaram à reunião com faixas e cartazes exigindo providências quanto aos serviços prestados pela Associação do Transporte Público Municipal. “Nosso protesto é em relação ao transporte como um todo, e não somente a linha 1007. Falamos desta linha porque é a que nos atende diariamente, mas também sabemos da inconformidade dos passageiros com as demais linhas”, disse Douglas, acadêmico do Curso de Fisioterapia e um dos líderes do movimento.
Com a tomada do plenário e a exposição dos problemas, os vereadores foram à Prefeitura buscar respostas para os protestantes e lá, na ausência do prefeito Luiz Augusto Schneider, foram atendidos pelo secretário de Transportes Eloy Trojan e de Governo, Fernando Alves. Segundo os vereadores Marcelo Lemos e Rafael Alves, o Poder Executivo através de seus secretários, disse que a situação depende da Justiça, pois existe um edital de licitação aguardando decisão da Juíza. Tal edital foi apresentado em 2012 pelo ex-prefeito Felice e apresenta uma série de ilegalidades. Ao saberem do resultado da reunião, os acadêmicos foram ao Ministério Público, onde foram informados de que Prefeitura deve apresentar novo edital ou realizar a contratação temporária de uma nova empresa através de contrato emergencial. Depois da reunião, os acadêmicos retornaram à Câmara e prometem sair de lá somente quanto problema estiver solucionado. “Não queremos medidas paliativas, queremos soluções imediatas e que venham a atender a toda a comunidade”, ressaltou Douglas.
Fiscalização
Segundo o secretário de Obras, Eloy Trojan os ônibus passam semestralmente por inspeção, sendo que a empresa que faz o trabalho é contratada pela própria ATPU. No trânsito, os veículos são fiscalizados pelo Setran e pela Polícia Rodoviária Federal, porém a comunidade só vê operação quando há protesto.
Trojan relata que a Prefeitura não multa ou pune a Associação pelo descumprimento do contrato. “Não temos como puni-los. Não há este critério no contrato”, relatou Trojan.
O secretário informou que as melhorias dependem da abertura de nova licitação a partir de uma decisão da Juíza quanto ao antigo edital ou da boa vontade da Associação.
O que diz a ATPU
O advogado da ATPU, Ricardo Peixoto San Pedro disse que a empresa entende a indignação dos passageiros, porém devido a falta de políticas públicas voltadas ao transporte e falta de investimentos do Poder Executivo no setor, as empresas não conseguem investir em novos veículos. “Desde 2010 as empresas têm a tarifa como única forma de pagamento, pois a Prefeitura não paga o quilometro rodado, como acontecia antes. O pagamento do quilometro foi cancelado na administração anterior, quando o ex-prefeito alegou que o Município gastava muito com o transporte público”, explicou Ricardo. O advogado ainda disse que a ATPU é prejudicada pela situação das ruas. “A Prefeitura se comprometeu em recuperar as ruas por onde passa o itinerário, porém a situação continua a mesma”, finalizou. Á tarde, o advogado esteve reunido com os acadêmicos explicando a situação.
O opositor
O vereador Marcelo Lemos, assim como Rafael Alves, acompanhou os acadêmicos ao encontro no Ministério Público e permaneceu na Câmara com os estudantes por algumas horas. Enquanto conversava com alguns acadêmicos, Marcelo fomentava a ideia de o grupo usar o grito de ordem: “Volta Felice”. “O negócio é a gente gritar volta Felice pelas ruas”, dizia Lemos, sem perceber que a presença de nossa reportagem. Mais tarde, ao ser indagado, Marcelo chegou a brincar dizendo “vocês não perdem uma”, e disse ter mais afinidade com Sanchotene, pois com o Imperador havia dialogo. “Com o ex-prefeito eu conseguia conversar mesmo não sendo vereador, já com Schneider, mesmo na condição de representante do povo, não tenho diálogo”, disse. Vale destacar que Marcelo Lemos até então frequentava a Prefeitura com frequência e costuma a fazer fotos ao lado de Schneider sempre que surgia uma oportunidade.
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