sábado, 9 de setembro de 2017

Lava Jato: Investigação contra Heinze é arquivada

Dois anos e meio após a divulgação da ‘lista de Janot’, o procurador geral da República, Rodrigo Janot, pediu o arquivamento das investigações contra o deputado federal Luis Carlos Heinze (PP) no inquérito 3 989, considerado o ‘inquérito mãe’ da Lava Jato, e que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF). O nome de Heinze foi citado na delação premiada do doleiro Alberto Yousseff como um dos beneficiados nos esquemas de corrupção narrados no ‘inquérito mãe’ da Operação Lava Jato. De acordo com Yousseff, Heinze fazia parte dos progressistas gaúchos que dividiam entre si até R$ 1,5 milhão por mês em propina para apoiar o governo Dilma Rousseff (PT).
O pedido de Janot foi protocolado no STF na quarta-feira, 6/9. Ele também pediu o arquivamento em relação aos deputados Afonso Hamm, Jerônimo Goergen e Renato Molling. Já em relação a outros políticos investigados no inquérito, como o deputado José Otávio Germano, o Procurador ofereceu denúncia, por entender que sua participação no esquema está comprovada.
O arquivamento ainda precisa ser homologado pelo relator do inquérito, ministro Edson Fachin, o que deve ocorreu nos próximos dias.

Vida aberta
Ao longo dos dois anos e meio, Heinze prestou depoimentos, colocou à disposição da Polícia Federal seus sigilos telefônico, bancário e fiscal, e apresentou inúmeros documentos para provar sua inocência. “Coloquei toda a minha vida a disposição desde o primeiro dia. Olhem o que quiserem olhar. Eu não tinha nem advogado. Me ofereci espontaneamente, e desafiei a me dizerem o que me deram, quando me deram”, diz Heinze, se referindo, entre outras oportunidades, a pronunciamentos no plenário da Câmara Federal e em reunião interna do Partido Progressista.
Entre os documentos apresentados pela defesa de Heinze está um relatório de seus posicionamentos e projetos de lei contrários ao Governo Dilma, o que foi crucial, visto que os supostos pagamentos teriam sido para garantir apoio ao governo do PT. “Demostrei que 90% das minhas votações eram contrarias. Não tinha porque eles me pagarem, eu era contrário a eles. Fui eu quem denunciou o superfaturamento na compra da BSbios, convoquei sete ministros para prestar esclarecimentos sobre diversas questões”, disse. No final do ano de 2013 Heinze denunciou publicamente o investimento de R$ 255 milhões que a Petrobras realizou na compra de 50% da empresa BSBios nas cidades de Marialva (PR) e Passo Fundo.
“Desde o primeiro dia, eu desafiava os presidentes do meu partido à época, os líderes do meu partido, o próprio Yousseff, a dizer quanto me deu, quando meu deu, e onde me deu. Nunca me deram nada, nunca me misturaria neste assunto. Fui 32 vezes no Ministéri Público Federal – oito vezes com o próprio Janot –,fui nove vezes na Polícia Federal, duas vezes com o ministro Teori Zavascki, que era o relator, e duas vezes com o atual relator, Edson Fachin, pedindo o arquivamento. Quem deve alguma coisa não faz isso. O que disse no primeiro dia, eu continuo repetindo até hoje. Aí precisou a Polícia Federal, o Ministério Público, a Receita Federal, fazer um pente fino na minha vida para dizer que não tinha nada. Mas agora passou’, disse.
Por fim, o Deputado também citou o apoio recebido de eleitores. “A maioria das pessoas sabiam que eu não tinha nenhum envolvimento com isso. conhecem meu trabalho e acreditam nele”, finalizou

Morosidade
Heinze lamentou a demora na conclusão das investigações a seu respeito. “Passou! Estou tranquilo! Coloquei minha vida à disposição, para que fosse provado quem sou. E foi. Só lamento que tenha demorado tanto tempo. Foram 914 dias, dois anos e meio”, disse.
Além da habitual morosidade, o Deputado – assim como os demais envolvidos, agora inocentados pelo pedido de Janot – tive que lidar com uma demora ainda maior causada pela morte do ministro Teori Zavascki, em janeiro deste ano.  Zavascki era o relator do inquérito no STF e, após sua morte a defesa de Heinze fez vários pedidos para que o inquérito fosse redistribuído logo, a fim de dar celeridade à investigação.

Gabriela Barcellos

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