sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Homem que matou o guarda pegou 34 anos de prisão


Sem o boné que usou durante os crimes, de barba, e com a mesma camiseta vermelha. Foi assim que as vítimas de Paulo César Rodrigues dos Santos, de 34 anos, o reencontraram, na tarde desta terça-feira, 18/2, durante a audiência de instrução e julgamento dos crimes cometidos por ele em dezembro do ano passado; o latrocínio que comoveu a população em razão da morte de um trabalhador, e o roubo a uma mercearia, em que cinco pessoas foram mantidas reféns do acusado.

Os crimes

O primeiro dos crimes ocorreu por volta de 12h30min de quatro de dezembro de 2013, uma quarta-feira, no quarto andar do edifício Beheregaray Filho, onde funciona o escritório da empresa Unicred. Paulo César seguiu um homem até o local , depois de entrar anunciou o assalto, já apontando uma arma para a cabeça do vigilante da empresa, Carlos Alfredo Gonçalves de Lima. Carlos reagiu e os dois entraram em luta corporal, quando o vigia acabou resvalando e caindo ao solo. Paulo César, que é conhecido pelo apelido de ‘Psicopata’, aproveitou a vantagem e neste momento desferiu um tiro, que acertou a cabeça de Carlos. O vigia foi socorrido por uma equipe da Unimed e encaminhado ao Hospital Santa Casa de Caridade, onde permaneceu internado até a tarde de sexta-feira, quando veio a óbito.
Paulo César foi preso no dia seguinte, 7/12, em flagrante, enquanto praticava um crime de roubo a uma mercearia no bairro Nova Esperança II. Acompanhado do enteado, D.H.R.S.,um adolescente, ‘Psicopata’ chegou ao local e anunciou o assalto. De acordo com as vítimas e testemunhas, mesmo depois de o proprietário do estabelecimento ter entregado o dinheiro que tinha no caixa ao bandido, Paulo César não foi embora. Ele queria mais dinheiro e armas. Ele acabou mantendo o dono, a mulher dele, à época grávida de se meses, uma funcionária do casal e um cliente como reféns. Outro cliente, que chegava à mercearia no momento, percebeu o que ocorria e chamou a polícia.

Os depoimentos

Uma funcionária da empresa Unicred, a cliente que estava no escritório no memento do crime e o homem que entrou no estabelecimento antes do acusado foram os primeiros a serem ouvidos pelo juiz Ricardo Petry Andrade. Logo depois, Ana Cristina de Lima, a esposa do Vigilante, foi ouvida. Na sequência foram chamados o proprietário da mercearia, o cliente mantido no local e a funcionária do comerciante. Os relatos das primeiras três testemunhas foram praticamente o mesmo e eles afirmaram com certeza que Paulo César anunciou o assalto e partiu para cima do guarda. Os relatos referentes ao assalto à mercearia também foram idênticos.

A versão do réu

A defesa de Paulo César foi feita pelo defensor público Carlos Henrique Rodrigues. Quando foi preso, ‘Psicopata’, preferiu ficar em silêncio durante o interrogatório, mesmo depois de descrever em detalhes o crime na Unicred, em conversa extraoficial com policiais civis; desta vez falou.
Ele, que não mora em Uruguaiana, confessou o crime cometido na mercearia e disse que teve “a absurda idéia de assaltar para conseguir dinheiro e ir embora”. E que disse ao enteado que não o acompanhasse, mas quando percebeu o menor já estava no local, também armado. Quanto ao crime na Unicred, ele contou uma história apontada como incoerente e contraditória. Ele disse que não tinha a intenção de assaltar o local e que o disparo que matou Carlos Alfredo foi “acidental”. ‘Psicopata’ alegou que foi ao estabelecimento a fim de fazer um depósito bancário para a esposa. Ao ser questionado se a mesma possui conta na instituição, Paulo disse ao Magistrado que não e que desejava fazer um depósito na Caixa Econômica Federal, mas não sabia onde ficava a agência do banco e pensou que poderia fazer o deposito ali mesmo. Ainda conforme sua versão, ao levantar para ir ao guichê de atendimento, o Vigilante estava armado e tentou sacar a arma. “Eu estava em condicional e não podia ser pego com a arma, então decidi sacá-la e disse à ele que queria somente sair daqui. Eu só queria ir embora”, contou ele. Ainda conforme seu relato, os dois brigaram e, quando o Guarda conseguiu pegara arma de Paulo César, acabou acionando o gatilho acidentalmente.

O vídeo

Durante o interrogatório de Paulo César Rodrigues, o Juiz exibiu o vídeo da câmera de segurança da empresa, que mostra o momento do crime. Depois da exibição, o promotor Rodrigo de Oliveira Vieira frisou que em momento algum o Guarda toca na arma e que ele sequer olhava em direção ao acusado quando o mesmo levantou. Vieira questionou o réu sobre isso, mas ele ‘não teve palavras’.

A sentença

O pedido do Ministério Público foi pela condenação de Paulo César por latrocínio consumado e roubo triplamente majorado. Ricardo Andrade condenou o homem por latrocínio consumado e roubo duplamente majorado e o sentenciou a 34 anos e seis meses de prisão, em regime inicial fechado.
Outro fator de aumento da pena foi a reincidência. Paulo César tem várias passagens pela polícia anteriores aos crimes cometidos em Uruguaiana e foi condenado por receptação e roubo de carga. Ele tinha saído da Penitenciária Modulada de Ijuí aproximadamente 15 dias antes de cometer o crime que vitimou Carlos Alfredo Gonçalves de Lima, e estava em livramento condicional.

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