quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Funcionários da Santa Casa realizam “panelaço”

Daiany Mossi

Em greve desde o dia 5/12, os funcionários da Santa Casa de Caridade realizaram “panelaço” na manhã de ontem. O movimento iniciou às 11h, na frente da Instituição e ganhou o pátio, onde há um “piquete”, e recebeu apoio dos familiares de pacientes internados.
Organizado pelo SindiSaúde, o objetivo foi chamar a atenção das autoridades para a grave situação enfrentada por eles, que estão sem receber há pelo menos três meses, e não há previsão nem para o 13º salário.
Dona Lúcia, mãe de um paciente, fez questão de participar do ato. “Não podemos fechar os olhos para a situação do hospital. Todos dependemos da Santa Casa de Caridade”, disse.

Coletiva
Na última terça-feira, a administração da Santa Casa convocou a Imprensa  local para, mais uma vez, falar da situação do hospital. O provedor, advogado Eduardo Velo, disse que “a situação beira o insustentável, tendo em vista a falta de repasses do Governo do Estado, que além de não repassar em dia os valores referentes aos contratos firmados com a Santa Casa, ainda deixa de pagar atendimentos realizados na casa de saúde”.
Os atendimentos aos quais Velo se refere e pelos quais o Estado não se responsabiliza, foram realizados sem contrato firmado com o Estado. Foram 56 dias de atendimento sem cobertura do SUS.  
Conforme o Provedor, há dificuldades em manter o atendimento normalizado, pois com a falta de recursos, as compras de medicamentos e materiais utilizados nas rotinas estão cada vez mais difíceis, pois as negociações para fornecimento do que é utilizado pelo hospital estão chegando ao extremo.
“Como os outros hospitais filantrópicos do Estado, a Santa Casa também enfrenta enorme dificuldade para cumprir com as obrigações com o 13º salário e férias. Para que sejam visualizadas melhores condições administrativas no hospital, há a necessidade de um choque de gestão”, explica o diretor administrativo-financeiro da Santa Casa, Geovane Cravo.
A glosa de um período de 56 dias por parte do Estado, por conta de contrato entre as partes, é apontada pela administração como o principal problema enfrentado pela Santa Casa, mas o valor não é suficiente nem para pagar metade da folha de salários em atraso.
Hoje o contrato com o Estado, prevê um atendimento de 96% de pacientes oriundos do Sistema Único de Saúde gerando, com isso, uma dependência financeira próxima a 80%, valor que  o Estado deveria repassar como pagamento dos serviços prestados. “Como esses valores ou não são pagos ou são quitados em parte, a situação torna-se crítica”, acrescenta Cravo. “Por isso há a necessidade de alinhar com o Estado, as condições de pagamento reais”, disse. “Se o Estado não consegue bancar esse atendimento, serão necessários ajustes para o próximo contrato a ser assinado com a Secretaria de Estado da Saúde”, justifica. “Se isso acontecer, a meta é chegarmos até um percentual de 30% de redução nos atendimentos à população”, completa.
Velo defende um “choque de gestão”, com redistribuição de serviços e corte nos atendimentos, mas não fala em corte de pessoal ou redução de salários, tampouco abre a “caixa preta” das auditorias realizadas na Instituição.

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