terça-feira, 22 de novembro de 2016

Leishmaniose: Uso da coleira em cães sadios é fundamental, diz especialista

Gabriela Barcellos

No último dia 12, o Jornal CIDADE noticiou a confirmação de um caso de leishmaniose em humano no município. A paciente, uma mulher de cerca de 40 anos, moradora da área central da cidade, está em tratamento médico e, até o momento, é o único caso confirmado em humanos em Uruguaiana. No entanto, somente neste ano foram 187 casos confirmados em cães. Pensando nos números, que preocupam as autoridades no assunto e a comunidade em geral, o CIDADE conversou com a médica veterinária Taciana Noal Flores, da Merck Sharp & Dohme no Brasil. Conhecida pela sigla MSD Saúde Animal, a empresa é referência mundial no controle e na prevenção da leishmaniose visceral canina e diz que somente a prevenção é capaz de controlar a doença.
Jornal CIDADE: Por que a eutanásia é a medida recomendada pelo Ministério da Saúde?
Taciana:
Esta recomendação do Ministério da Saúde visa conter o avanço da doença em seres humanos, uma vez que estudos comprovam que o cão, mesmo depois de tratado e sem sintomas aparentes, continua sendo um reservatório da leishmaniose e, portanto, transmitindo a doença - os cães são o principal reservatório e por isso, importantes na manutenção do ciclo epidemiológico da leishmaniose visceral. Dessa forma, a indicação das autoridades de saúde para os animais positivos tem sido a eutanásia, medida que, apesar de controversa, provavelmente continuará acontecendo, na tentativa de reduzir a incidência em seres humanos e a prevalência da doença em cães. Por isso, alertamos os proprietários para que protejam seu animal e evitem que ele seja uma vítima da leishmaniose.
JC: Em que consiste o controle e prevenção referenciado pela MSD?
Taciana:
A MSD Saúde Animal está engajada em salvar vidas e se dedica ao controle e à prevenção da leishmaniose visceral canina. A empresa desenvolveu a única coleira repelente contra a picada do mosquito transmissor da doença que possui eficácia comprovada em mais de 30 estudos científicos publicados, realizados em diferentes condições de desafio. A coleira Scalibor® foi a primeira coleira impregnada com deltametrina a 4% do mercado nacional, com exclusivo e patenteado sistema contínuo de liberação. Scalibor® é recomendada mundialmente pelos principais especialistas das mais renomadas instituições de saúde. Mais de 35 milhões de unidades já foram vendidas em todo o mundo. Estudos comprovam que a ampla aplicação das coleiras Scalibor® como uma das ferramentas de controle não somente protege os cães, como também reduz o risco de transmissão da leishmaniose visceral em humanos. Há mais de 15 anos, a coleira ajuda os médicos veterinários a salvar vidas.
JC: O animal infectado e tratado tem uma vida saudável?
Taciana:
Na realidade não existe cura parasitológica (eliminação de todos os parasitas) nem em humanos e nem em cães tratados.  O que pode haver é a cura clínica, mas são raros os casos em que o tratamento consegue eliminar todas as leishmanias. O que acontece é que, com o tratamento, ocorre uma melhor resposta do sistema imune do paciente e a multiplicação do parasita é controlada, havendo uma regressão dos sintomas da doença. Em cães submetidos a tratamento podem ocorrer recidivas da doença de meses a anos após o tratamento inicial, e se faz necessário um novo ciclo de tratamento. Por essa razão, conforme mencionado acima, a recomendação do Ministério da Saúde para os animais infectados é a eutanásia, na tentativa de reduzir os riscos de infecção para os seres humanos.
JC: Até que ponto a coleira no animal infectado é garantia de controle, ou prevenção?
Taciana:
A coleira recomendada pela Organização Mundial da Saúde (Scalibor® - MSD Saúde Animal), com eficácia comprovada em mais de 30 estudos científicos publicados para combater a leishmaniose visceral, é impregnada com um potente inseticida que repele e mata o mosquito transmissor da doença, diminuindo o risco de infecção. Ela impede que o cão entre em contato com o inseto transmissor e eventualmente seja picado, evitando a proliferação da doença.
JC: Se no animal infectado a coleira afasta o vetor minimizando o risco de transmissão, pode se afirmar que nos animais sadios, minimizaria a infecção?
Taciana:
O uso da coleira repelente é indicado para todos os cães como método preventivo de combate à leishmaniose, e não somente para os animais que já foram infectados. No caso dos animais infectados, a coleira impede que o mosquito pique e leve a doença para outros animais ou seres humanos. Já nos animais saudáveis, impede que sejam picados e acometidos pela doença. É importante que os proprietários de cães mantenham seus animais sempre protegidos, para que não se tornem vítimas dessa grave doença.
JC: Pode se afirmar então que, para efetivo controle da leishmaniose, todos os cães, inclusive os sadios, deveriam usar a coleira?
Taciana:
Certamente. Nossa orientação é para que os proprietários de cães façam o uso da coleira em seu animal saudável como método de prevenção da doença, garantindo a saúde, não só do animal, mas de todas as pessoas que convivem com ele.

Doença
A leishmaniose visceral, também conhecida como calazar, é uma doença endêmica, de alta letalidade. É causada por um protozoário e provoca alterações nos rins, fígado, baço e na medula óssea, e transmitida ao cão e ao homem por meio da picada de um mosquito que tem sido encontrado em todas as regiões do país. A doença pode matar o cão e colocar em risco a vida das pessoas que convivem com ele. Os sintomas são apatia, perda de peso e aumento do volume abdominal. Nos animais, provoca ainda feridas na pele. Para os cães infectados com leishmaniose visceral, o Ministério da Saúde recomenda a eutanásia.
A incidência da doença vem crescendo em todo o Brasil. A cada ano, aumenta consideravelmente o número de casos de animais e humanos infectados e de óbitos provocados pela leishmaniose. Para se ter uma ideia, a doença mata mais do que a dengue. O último levantamento oficial do Ministério da Saúde, datado de 2013, mostra que de 2010 a 2013, 928 pessoas morreram no Brasil vítimas de leishmaniose visceral, enquanto que 847 morreram por causa da dengue no mesmo período.

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