Daiany Mossi
Farmacêuticos de Uruguaiana relatam o assédio, por parte de alguns médicos contra a venda de medicamentos genéricos.
Conforme um dos profissionais ouvidos pela nossa reportagem, os médicos prescrevem remédios de laboratórios específicos e, quando é fornecido um medicamento genérico a pedido do paciente, ameaçam o farmacêutico que autorizou a substituição. “O cliente sai insatisfeito, pois as vezes não temos aquela marca. Ouvimos de alguns deles a explicação que o médico relatou no consultório, que precisava ser aquele medicamento de referência, e não o genérico. Em outras oportunidades, somos nos que ouvimos isso dos médicos”, disse o farmacêutico.
De acordo com a farmacêutica da Vigilância Sanitária Municipal, Raqueli Bitencourt, todo o medicamento de referência pode ser trocado por um genérico. Essa troca só não pode ser feita por um similar. “O farmacêutico tem plena autonomia para substituir o remédio de referência pelo genérico”, disse Raqueli.
A farmacêutica destaca que há alguns anos, foram feitos registros semelhantes em Uruguaiana, quando receitas eram, inclusive, etiquetadas por médicos com a marca do laboratório. “Quando os surgiram os genéricos, denúncias semelhantes foram registradas. Hoje em dia, o farmacêutico pode, e deve, trabalhar com autonomia”, finalizou.
Em casos semelhantes, o farmacêutico ou paciente pode denunciar o médico.
Já o presidente do Conselho Regional de Farmácia, Roberto Canquerin, os farmacêuticos estão preparadas para a prática da intercambialidade, ou seja, a troca de medicamentos. “O ideal seria que o médico receitasse o princípio ativo ao paciente. Mas como isso não ocorre, o farmacêutico pode mudar o produto de referência para o genérico. Infelizmente, ainda existe uma campanha da indústria farmacêutica contra o genérico e por isso, ainda temos essas situações”, finalizou.
Procurado por nossa reportagem, o delegado do Cremers em Uruguaiana, Jorge Hecker Kappel, informou que se manifestaria posteriormente. Já o Simers/RS se manifestará através de nota à Imprensa.
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