sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Santa Casa realizou três transplantes de órgãos nesta semana


Exemplos de solidariedade em um momento de tragédia. Essa é a síntese do que aconteceu em Uruguaiana na noite de segunda-feira (6). Duas famílias abaladas pela dor da perda, sensibilizadas pela necessidade de doação de órgãos e atendendo pedidos das vítimas em vida, decidiram abreviar o sofrimento dos componentes da rede de lista de espera por órgãos.
Num dos casos, em Alegrete, um motorista de 52 anos, durante o trabalho, caiu do alto do teto de uma residência. Na queda, bateu forte a cabeça. Mesmo resgatado com vida, era uma lesão muito grave. Deslocado para o setor de alta complexidade em Neurologia do Hospital da Santa Casa de Caridade de Uruguaiana, foi constatada a morte cerebral ainda na noite do acidente. Segundo a filha da vítima, o motorista, que nas horas vagas trabalhava na construção civil, era uma pessoa que se cuidava muito, sem vícios ou exageros. “Até mesmo na alimentação ele era regrado”, lembra. Por isso, sempre deixava claro que se algo ocorresse, desejava que seus órgãos fossem doados.
Em Santiago, no mesmo dia, uma mulher de 50 anos, que não apresentava qualquer sinal de problema físico, sofre um Acidente Vascular Cerebral (AVC) grave. Deslocada para Uruguaiana, o setor de Neurologia do HSCC constata sua morte cerebral. Consternada com o fato, a família também demonstra vontade de auxiliar alguém que esteja na lista de espera por transplantes.
O Rio Grande do Sul, que já foi o número um em transplantes no país, respeitada a proporção em relação à população, está agora em terceiro lugar nessa delicada modalidade de cirurgia, atrás de São Paulo e do Paraná. O número de doações de órgãos concretizadas vem caindo ano a ano no Estado. Por isso, o cirurgião Juliano Martini, que coordenou as equipes em Uruguaiana, esclarece a importância do gesto das famílias de Alegrete e Santiago, na doação de órgãos. Duas equipes da Central de Transplantes de Órgãos do Estado estiveram na Santa Casa para a captação. Uma responsável pela retirada de rim e fígado e outra pela retirada do pulmão.
Tanto rim, como fígado foi implantado nos receptores ainda na terça-feira. Já o pulmão retirado ainda deveria passar por bateria de exames até chegar ao receptor.
A equipe de enfermagem do HSCC auxiliou os cirurgiões na realização da retirada dos órgãos. No hospital, a equipe tem a coordenação do médico Luiz Fernando Cibin e contou com a participação das enfermeiras Jossana Aguilar, Adriana Prause, Andrise Porto Alegre e Glaucia Fenner e da secretária Giliane Suarez. Cibin salienta que o fato de haverem dois doadores simultâneos em Uruguaiana aptos para doação, como ocorreu nessa situação, não é comum. Por isso, a importância do que aconteceu.
O procedimento para a retirada dos órgãos durou aproximadamente três horas. Os nomes dos pacientes e de seus parentes foram omitidos nesta reportagem a pedido das famílias.
As córneas da vítima que também poderiam ter sido retiradas e encaminhadas ao banco de doação de órgãos do Estado, não foram aproveitadas.

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