Aconteceu na manhã da última quarta-feira, 18 de setembro, a solenidade em comemoração aos 147 anos da Retomada de Uruguaiana. Autoridades, tradicionalistas e demais público, prestigiaram a cerimônia realizada anualmente na Avenida Presidente Vargas, em frente ao Obelismo, local onde Uruguaiana foi retomada pelos farrapos durante a Guerra do Paraguai, em 1865. O Obelisco foi erguido com o propósito de eternizar o feito histórico. A cerimônia de Retomada contou com a participação do Exército Brasileiro e de um grupo de cavalarianos, portando as bandeiras do império brasileiro. Ao realizar a cerimônia, os uruguaianenses prestam homenagem aos seus heróis. Caxias, Osório, Porto Alegre, Canabarro e tantos outros personagens que fizeram e fazem parte da história do Município.
A Guerra do Paraguai
Em represália à intervenção no Uruguai, no dia 11 de novembro de 1864, Francisco Solano López ordenou que fosse apreendido o navio brasileiro Marquês de Olinda. No dia seguinte, o navio a vapor paraguaio Tacuari apresou o navio brasileiro, que subia o rio Paraguai rumo à então Província de Mato Grosso, levando a bordo o coronel Frederico Carneiro de Campos, recém-nomeado presidente daquela província e o médico Antônio Antunes da Luz, entre outros. A tripulação e passageiros foi feita prisioneira e enviada à prisão, onde todos, sem exceção, sucumbiram à fome e aos maus tratos.
Sem perda de tempo, as relações com o Brasil foram rompidas e já no mês de dezembro o sul de Mato Grosso, atual Mato Grosso do Sul, foi invadido, antes mesmo de qualquer declaração formal de guerra ao Brasil, que só foi feita no dia 13 de dezembro. Três meses mais tarde, em 18 de Março de 1865, López declarou guerra à Argentina, que exigia neutralidade no conflito e não permitira que os exércitos paraguaios atravessassem seu território para combater no Uruguai e invadir o sul do Brasil.[7] Quando as notícias dos acontecimentos começavam a chegar a Dom Pedro II e seu ministério no Rio de Janeiro, capital do Império, em março de 1865 as tropas de Solano López penetraram em Corrientes (Argentina), visando o Rio Grande do Sul e o Uruguai, onde esperavam encontrar apoio dos blancos. O Uruguai, já então governado por Venâncio Flores, instalado pelo Governo Imperial brasileiro, solidarizou-se com o Brasil e a Argentina.
O Paraguai invade o Rio Grande do Sul
Simultaneamente ao ataque naval, uma força de 10.000 paraguaios atravessou a província argentina das Missões. Alcançando o Rio Uruguai, a força se dividiu em 2 (duas) colunas e rumaram para o sul, marchando em ambas as margens do rio. O Tenente-coronel Antonio de la Cruz Estigarribia, o comandante geral, liderou cerca de 7.500 homens na margem leste, e o Major Pedro Duarte comandou 5.500 homens na margem oeste. Os paraguaios encontraram pouca resistência dos argentinos na margem oeste ou dos brasileiros na margem leste. López acreditava que se conseguisse controlar o Rio Grande do Sul e invadir o Uruguai, os escravos brasileiros iriam sublevar-se e os recém expulsos blancos uruguaios voltariam a pegar em armas. Além disso, emissários paraguaios incitaram a sedição entre as tropas irregulares formadas por Urquíza em Entre Ríos. Urquíza, que havia recebido o comando da vanguarda aliada, voluntariou-se para retornar à província e restaurar a ordem. Em vez disso, ele retornou ao seu rancho, aumentou sua fortuna vendendo cavalos aos aliados, e as tropas irregulares desertaram para suas fazendas e ranchos. O Coronel Estigarribia atravessou o Rio Uruguai e ocupou sucessivamente, de junho a agosto, as povoações de São Borja, Itaqui e Uruguaiana. Os contatos com o Major Duarte foram interrompidos pelo assédio de duas embarcações armadas brasileiras, comandadas pelo Tenente Floriano Peixoto, e pelo pântano que os separavam.
O presidente uruguaio Flores decidiu atacar a menor das forças paraguaias. Em 17 de agosto, na batalha de Jataí, na margem direita do rio Uruguai, a coluna sob as ordens do major Pedro Duarte, a qual pretendia chegar ao Uruguai, foi detida por Flores.
Rendição de Uruguaiana e o recuo das tropas paraguaias
Em 16 de julho, o Exército Brasileiro chegou à fronteira do Rio Grande do Sul e logo depois cercou Uruguaiana. A tropa recebeu reforços e enviou pelo menos três intimações de rendição a Estigarribia. Em 11 de setembro Dom Pedro II chegou ao local do cerco, onde já estavam os presidentes argentino Bartolomé Mitre e uruguaio Venancio Flores, além de diversos líderes militares, como o Almirante Tamandaré. As forças aliadas do cerco contavam então com 17.346 combatentes, sendo 12.393 brasileiros, 3802 argentinos e 1220 uruguaios, além de 54 canhões. A rendição veio em 16 de setembro quando Estigarribia entrou em acordo em relação as condições exigidas.
Encerrava-se com esse episódio a primeira fase da guerra, em que Solano López lançara sua grande ofensiva nas operações de invasão da Argentina e do Brasil.
No início de outubro, as tropas paraguaias de ocupação em Corrientes receberam de López ordem para retornar a suas bases em Humaitá. Nessa altura, as tropas aliadas estavam-se reunindo sob o comando de Mitre no acampamento de Concórdia, na província argentina de Entre Ríos, com o marechal-de-campo Manuel Luís Osório à frente das tropas brasileiras. Parte destas deslocou-se para Uruguaiana, onde foi reforçar o cerco a esta cidade pelo exército brasileiro no Rio Grande do Sul, comandado pelo tenente-general Manuel Marques de Sousa, barão e depois Conde de Porto Alegre. Os paraguaios renderam-se no dia 18 de Setembro de 1865. Nos meses seguintes, as tropas aliadas, com Mitre como comandante-chefe, libertavam os últimos redutos paraguaios em território argentino, as cidades de Corrientes e São Cosme, na confluência dos rios Paraná e Paraguai, no final de 1865. No fim do ano de 1865, a ofensiva era da Tríplice Aliança. Seus exércitos já contavam mais de 50 mil homens e se preparavam para invadir o Paraguai.
O Tratado da Tríplice Aliança
No dia 1°. de maio de 1865, o Brasil, a Argentina e o Uruguai assinaram, em Buenos Aires, o Tratado da Tríplice Aliança, contra o Paraguai.
As forças militares da Tríplice Aliança eram, no início da guerra, francamente inferiores às do Paraguai, que contava com mais de 60 mil homens e uma esquadra de 23 vapores e cinco navios apropriados à navegação fluvial. Sua artilharia possuía cerca de 400 canhões. As tropas reunidas do Brasil, da Argentina e do Uruguai, prontas a entrar em ação, não chegavam a 1/3 das paraguaias.
A vantagem dos brasileiros estava em sua marinha de guerra: 42 navios com 239 bocas de fogo e cerca de quatro mil homens bem treinados na tripulação. E grande parte da esquadra já se encontrava na bacia do Prata, onde havia atuado, sob o comando do Marquês de Tamandaré, na intervenção contra Aguirre.
A infantaria brasileira que lutou na Guerra do Paraguai não era formada de soldados profissionais, mas pelos chamados Voluntários da Pátria, cidadãos que se apresentavam para lutar. Muitos eram escravos enviados por fazendeiros e negros alforriados. A cavalaria era formada pela Guarda Nacional do Rio Grande do Sul. Segundo o Tratado da Tríplice Aliança, o comando supremo das tropas aliadas caberia a Bartolomeu Mitre, presidente da Argentina. E foi assim na primeira fase da guerra.
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