O ano era de 1971. A cidade, Uruguaiana. Na mesma semana em que a cidade assistia à primeira edição daquela que é considerada a pioneira dos festivais nativistas, a Califórnia da Canção Nativa do RS, nascia o músico Pirisca Grecco. Se o festival parou, Pirisca, ao contrário continua produzindo, e muito!
Quem acompanha estes festivais certamente já ouviu falar do uruguaianense, cantor, compositor e instrumentista que lidera uma geração que vem trazendo novidades, criações e fôlego para a música regional. A combinação baseada no folclore latino-americano, na música nativista, no pop-rock e na MPB, traduz a sua formação desde a adolescência, combinação que resulta numa obra temperada de novos elementos melódicos, letras inovadoras, e conteúdos com arranjos sofisticados.
Após dez exitosos anos de festivais no Rio Grande do Sul, cinco Açorianos e 3 Calhandras de Ouro (troféu máximo da Califórnia), o músico em parceria com sua banda, a La Comparsa Elétrica (formada por Paulinho Goulart – gaita, Texo Cabral – flauta, Rafa Bisogno – bateria, Duca Duarte – baixo, e Mateus Alves – guitarra ) já está em seu sexto CD, porém com o projeto homônimo Clube da Esquila, em que promove o encontro da música regional, sempre com um convidado especial, como por exemplo Tonho Crocco, Esteban Tavares e Pablo Grinjot, entre outros, celebrando a música como um todo, sem rótulos , nem preconceitos... São músicos de naipes diferentes, presentes, e que juntos procuram eliminar o limite estético imposto pelo tradicionalismo, uma identidade regional tocada e cantada e que pode tranquilamente ser apreciada em qualquer parte do mundo, sempre buscando novas possibilidades e criações. São a mistura perfeita entre a musicalidade de Pirisca e a sonoridade e o alto astral da sua banda, a Comparsa. Com mais de quatro anos atuando juntos, artista e grupo conseguem uma uniformidade musical, um conceito, o que caracteriza bem o estilo e o bom gosto de Grecco, que transita com a mesma facilidade tanto nas composições campeiras quanto nas de temática urbana.
Pirisca Grecco y La Comparsa Elétrica estão com a proposta de misturar o regionalismo com tendências universais recheados de desprendimentos e sem preconceitos ou afetações e restrições
de qualquer ordem. Se existem quem acha alguma coisa, o próprio Pirisca afirma: “eu não acho, não tenho tempo de achar – eu faço.” Pois com estas atitudes de quem toca clássicos regionalistas e envereda para músicas que mais parecem um rock salteado com vanerão que o músico, defensor da espontaneidade, pouco afeito a rótulos, e convicto de suas ações, criou junto com os parceiros musicais, um ritmo próprio chamado compasso taipeiro (uma espécie de chamamé mais lento, ou uma zamba gaúcha mais acelerada) como um brinde a esta espontaneidade e a novas possibilidades musicais que sem sombra de dúvidas estão recheadas pelos sotaques do vento minuano e pelas águas do Rio Uruguai.
Tantos anos depois ao nascimento da Califórnia, este evento artístico musical que ocorre em Uruguaiana desde 1971 e considerado patrimônio cultural do Estado, sendo modelo de divulgação da música regional gaúcha, surge “linkado” ao mesmo, neste momento tão diferenciado, imaculado e puro, o evento #VoltaCalifa , 40 anos bem cantados por Pirisca Grecco e Convidados.
Será um encontro memorável em que ocorrerão três shows, respectivamente, nos dias 7, 8, e 9 de agosto a partir das 20h. Os shows contarão com a interpretação das músicas vencedoras da Califórnia da Canção Nativa do RS durante todo este tempo por La Comparsa Elétrica tendo a participação especialíssima de Mauro Moraes, Os Angueras, Érlon Péricles, Angelo Franco, Silvio Genro, Vinícius Brum, Julinho Machado, Cecília Machado, Victor Hugo, Luiz Marenco entre outros diversos parceiros de palco.
Além dos shows, está sendo preparada uma exposição no saguão do teatro mostrando uma breve história do maior festival de música nativista com cartazes, troféus, e outros, possibilitando a visitação de escolas com o objetivo de expandir este conhecimento para os jovens que vem chegando...
Serão momentos únicos e imperdíveis que ocorrerão em Uruguaiana. Após mais de dois anos parada, a Calhandra, troféu máximo da Califórnia, voltará ao mesmo local onde tudo começou: no palco do antigo Cine Pampa, hoje Teatro Rosalina Pandolfo Lisboa, para alçar alça novos voos...
0 comentários:
Postar um comentário