segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

"La matança": Animais com Leishmaniose são submetidos a eutanásia

O Hospital Veterinário da PUC e da Unipampa, através de um convênio com a Prefeitura de Uruguaiana vem realizando um procedimento polêmico – a eutanásia de animais. Vários cães já foram sacrificados e segundo informações, os animais que hoje estão no Canil e possuem a doença serão mortos nos próximos dias, conforme a disponibilidade de horário dos profissionais que atuam no hospital. Apesar da confirmação por parte das pessoas que trabalham em defesa dos animais, um dos veterinários da Secretaria de Saúde, Ricardo Wellicks, conversou com nossa reportagem na tarde de ontem e negou a informação. Segundo ele, apenas os animais cujos proprietários solicitam a eutanásia, são submetidos a tal. “Não temos nenhum caso de leishmaniose no Canil, tampouco estamos encaminhando cães de lá à eutanásia. Os animais submetidos ao procedimento foram recolhidos na cidade e a prática foi solicitada ou aprovada pelo proprietário”. De acordo com Ricardo, os proprietários decidem-se pelo procedimento, por considerar caro o tratamento. “Existem dois tipos de leishmaniose, ambas sem cura, porém uma delas com tratamento para prolongar a vida do cão”, disse ele. O veterinário explica que além dos remédios, o cão que possui a doença precisa usar uma coleira que custa em média R$ 70. “A coleira afasta o mosquito dos cães, já que é ele o transmissor da doença, sendo o cachorro o hospedeiro. A coleira tem validade de sete meses e as pessoas que têm cães optam pela eutanásia”. Quanto ás opiniões contrárias, Ricardo destaca que os defensores dos animais precisam entender que a decisão é do proprietário e que assim como eles merecem respeito pelo trabalho que fazem, as pessoas que não gostam dos animais doentes também merecem.

A cura  A leishmaniose é uma doença não contagiosa causada por parasitas que invadem e se reproduzem dentro das células que fazem parte do sistema imunológico da pessoa infectada. Ela pode se manifestar de duas formas: leishmaniose tegumentar ou cutânea e a leishmaniose visceral ou calazar. A leishmaniose tegumentar ou cutânea é caracterizada por lesões na pele, podendo também afetar nariz, boca e garganta (esta forma é conhecida como “ferida brava”). A visceral ou calazar é uma doença sistêmica, pois afeta vários órgãos, sendo que os mais acometidos são o fígado, baço e medula óssea. Sua evolução é longa podendo, em alguns casos, até ultrapassar o período de um ano. Sua transmissão se dá através de pequenos mosquitos que se alimentam de sangue, e que dependendo da localidade, recebem nomes diferentes, tais como: mosquito palha, tatuquira, asa branca, cangalinha, asa dura, palhinha ou birigui. Por serem muito pequenos, estes mosquitos são capazes de atravessar mosquiteiros e telas. São mais comumente encontrados em locais úmidos, escuros e com muitas plantas.
Além do cuidado com o mosquito, através do uso de repelentes em áreas muito próximas a mata, dentro da mata é importante também saber que este parasita pode estar presente também em alguns animais silvestres e, inclusive, em cachorros de estimação.

Sintomas  Os sintomas variam de acordo com o tipo da leishmaniose. No caso da tegumentar, surge uma pequena elevação avermelhada na pele que vai aumentando até se tornar uma ferida que pode estar recoberta por crosta ou secreção purulenta. Há também a possibilidade de sua manifestação se dar através de lesões inflamatórias no nariz ou na boca. Na visceral, ocorre febre irregular, anemia, indisposição, palidez da pele e mucosas, perda de peso, inchaço abdominal devido ao aumento do fígado e do baço.

Prevenção e tratamento  A melhor forma de se prevenir contra esta doença é evitar residir ou permanecer em áreas muito próximas à mata, evitar banhos em rio próximo a mata, sempre utilizar repelentes quando estiver em matas, higienizar o pátio e ajudar a Secretaria de Saúde a conscientizar a comunidade quanto a limpeza dos terrenos.
Esta doença deve ser tratada através de medicamentos e receber acompanhamento médico, pois, se não for adequadamente tratada, pode levar a óbito em poucas semanas. No Brasil, a média de casos de Leishmaniose Visceral (LV) no período de 2007 a 2011, foi de 3.679 casos/ano, com uma taxa de letalidade de 5,8% em 2011. Quanto a Leishmaniose Tegumentar Americana, no período de 2002 a 2011, foi registrada no Brasil uma média de 24.684 casos confirmados de LTA no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). Em Uruguaiana os casos são tratados sem distinção. Segundo Ricardo, 40 exames foram realizados em outubro e 77 em setembro, sendo que 50% dos cães examinados tem leishmaniose.

Conviver com a doença
O vereador Ronnie Mello, defensor das causas ligadas aos animais, contou ontem à nossa reportagem que cria um cão que tem leishmaniose. “Tenho um cachorro com leishmaniose e ele está sendo tratado e ontem mesmo o levei ao veterinário e ele disse que está "praticamente" curado. A eutanásia é uma forma de fugir do tratamento. O certo mesmo é prevenir, imunizar”, disse o vereador. Vanessa Rojas é outra que também adotou um cão com a doença. Segundo ela, "Arnold" é vítima da "leish", foi abandonado pelos donos, mas resgatado e salvo por sua família. Vanessa também não concorda com a matança e defende o investimento em programas de tratamento e prevenção. No mês de novembro, o assunto foi foco de discussões em todo o País, devido a história de um cão chamado Scooby, do estado do Mato Grosso do Sul. O cãozinho foi arrastado em uma moto pelos donos por cerca de quatro quilômetros, até o Centro de Controle de Zoonoses da cidade, por apresentar sintomas da doença. Apesar de a Organização Mundial de Saúde (OMS) não recomendar a eutanásia como forma de controle da leishmaniose, sugerindo o combate e a vacinação de animais, que, aliás, é de baixo custo, o Brasil mantém a prática. O decreto federal do Senado, nº 51.838 de 14 de março de 1963, condena os animais com Leishmaniose Visceral Canina à eutanásia, tornando o Brasil o único país a matar cães com leishmaniose e há a portaria interministerial nº 1.426 de 11 de julho de 2008, que proíbe o tratamento de cães com a doença com produtos de uso humano ou que não estejam registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Apesar do que muita gente pensa, o cachorro não é o transmissor da doença, que é transmitida ao homem pela picada do mosquito flebótomo, mais conhecidos como mosquito palha ou birigui. Como o cão é o hospedeiro mais estudado, há a crença de que seja o transmissor.

Ministério da Saúde
No Brasil, os CCZ’s adotam a orientação do protocolo do Ministério da Saúde, que determina que em caso de leishmaniose, o animal seja sacrificado, além de proibir qualquer tipo de tratamento. De acordo com dados da pasta, entre 2002 e 2011 foram registrados 34.683 casos em todo país, 3.917 somente em 2011, sendo que 249 pacientes morreram no ano passado.
O Ministério da saúde defende que a redução dos casos de leishmaniose só é possível com o controle do agente transmissor, o mosquito, e também do reservatório, no caso o cão doméstico. De acordo com a assessoria de imprensa do Ministério, o tratamento não é autorizado, porque quando os cães não são mortos eles continuam transmitindo a doença e que as prefeituras podem decidir sobre o futuro dos animais, mas assumem o risco de transmissão de doenças para a população. O prefeito Trad Filho afirmou que o destino de Scooby depende do resultado de exames que vão confirmar ou não a presença da doença e que, como se trata de uma questão de saúde pública, o protocolo deve ser seguido. A leishmaniose é considerada pela organização de pesquisa “Medicamentos para Doenças Negligenciadas” (DNDi, na sigla em inglês) como uma doença "extremamente negligenciada", porque, em razão da prevalência em regiões de extrema pobreza, não há interesse por parte dos governos em investir em vacinais e prevenção. O vacina também divide opiniões e gera discussões.

1 comentários:

Vanessa disse... [Responder comentário]

Obrigada Jornal Cidade pela Reportágem
como comentado na matéria, adotei o Arnold sabendo que ele era portador.
O arnold é um poodle que foi abandonado pelo seu primeiro "dono". Deixado numa veterinária, para internação e tratamento... deu nomes, telefone e endereço falsos.. MAS EU SEI QUE ELE É. e nunca mais voltou para saber dele.
Entao.. a solução é sacrificar? abandonar? mas, como está o pátio deste senhor q o abandonou? EU SEI que ele tem mais cachorros, crianças morando na mesma casa... se a solução é essa.. espero que pelo menos tenha a dignidade de ter feito uma limpa e desinfeção no seu pátio.
Não tenho medo.. também não desisto.. Cada dia q passa é uma vitória... e não vou baixar os braços até que o municipio não assuma o seu papel.. que não é o de SACRIFICAR e sim o de DESINFETAR.
Cadê as desinfeções nos patios aonde estes cachorros foram infectados?
estou contra a eutanasia só pelo fato do cachorro estar doente... diferente é o fato de saber que está agonizando...
mas não todo cachorro infestado está sofrendo.. tem muitos em excelentes estado fisico que estão com a doença e os donos não sabem!

DICA: EM LIBRES A COLEIRA SCALIBUR E MAIS BARATA.. (sinto muito se vai em contra de algum comércio.. mas acho q nenhum veterinário sério vai se importar com isto, já que estamos tentando salvar vidas e não encher os bolsos com isso)

Façam o exame de sangue nos seus cachorros....
Falem com seus veterinários... o tratamento NÃO É CARO!
70 REAIS A CADA 7 MESES pelo preço da coleira, tbm não arranca o pedaço.. fica um final de semana sem tomar cerveja e pronto...
cuidem dos seus amigos!
qualquer coisa me procurem no facebook... com maior prazer estarei disposta a ajudar aquem precisse de mim!