quarta-feira, 26 de março de 2014

Coluna do Magrão

Mudou geral
Funcionou a mudança na comissão julgadora que avalia o carnaval de Uruguaiana. A desconhecida, vinda do carnaval de São Paulo, conceituou o nosso carnaval de outra forma. Nossas referências de carnavalidade não foram as principais virtudes vistas por esses jurados. O carnaval de Uruguaiana está revendo seus conceitos. As baterias, nosso orgulho, nosso ponto forte, não parecem impressionar quem manja de samba em outros lugares. A exemplo da primeira comissão julgadora vinda do Rio de Janeiro, que também não deram notas altas para nossas baterias, a deste ano economizou nota 10, e nem por isso foi injusta. É de domínio público em Uruguaiana que o Rouxinol tem uma “baita’’ bateria. Neste quesito estava a diferença que dava vantagem para a Cova e Rouxinóis.
O carnaval fora de época continua dando mostras de arrefecimento. Os entendimentos e justificativas para isso são variados e circunstânciais. Vivemos um momento de transição. Em jogo, a zona de conforto de uma ideia que deu certo, e a realidade de uma ideia que não dá mais resultado. A mudança na comissão julgadora poderá ser a primeira. Os tempos são outros. Os resultados são positivos no sentido do empenho, do comprometimento e da comprovação daqueles envolvidos no processo, funciona porque é o “fulano’’, não funciona porque é o “beltrano’’. O paternalismo, doutorismo, patronismo, o apadrinhamento, não sustentam mais o alicerce do carnaval. Temos que parar de confundir respeito com eficiência. Respeito todos temos que ter. Eficiência temos apenas que ser capazes. Aliás, a demonstração de capacidade dada pela comissão organizadora do carnaval, o braço político da Prefeitura para tratar do assunto que as escolas de samba, por acomodamento e rivalidade, não conseguem tratar, foi um dos pontos positivos desse carnaval de 2014, pois o mínimo que se espera é gente saiba o que está fazendo. Para saúde artística e cultural do carnaval o resultado foi politicamente correto. Valorizou quem tem resultado, no caso, Bambas da Alegria, a escola que mais cresce no carnaval de Uruguaiana. O resultado de campeão para o Marduque dá ao nosso carnaval a garantia de grande, pois um carnaval com apenas 2 escolas na disputa não pode ser conceituado como grande.
A Ilha do Marduque, com a sequência de resultados neste e no ano passado, comprova que é uma das forças do nosso carnaval. Reestabelece uma condição quase perdida. Para a Cova da Onça, o resultado não muda nada. A “vermelhagem’’ tem gordura para queimar. O Rouxinóis, por sua grandeza, foi o que melhor proveito tirou deste carnaval. Estabeleceu um novo perímetro para os grandes, que agora é o quarto lugar. Para o carnaval de Uruguaiana estas 4 forças garantem um produto a ser ofertado, desde que bem trabalhado. A condição sócio cultural das pessoas envolvidas no carnaval provocam razões individuais para o desentedimento. Como carnaval é uma disputa de beleza, sapiência e vaidade, o lado pessoal é muito afetado, a galhardia precisa voltar aos nossos costumes. A nossa falta de educação ou as nossas limitações sociais não podem prevalacer ao respeito e razão. Carnaval é diversão, carnaval é do rol dos prazeres, e não do rol dos deveres. Mudou geral.

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