sábado, 16 de abril de 2011

Vou beijar-te agora não me leve a mal, hoje é carnaval...

Hoje, me bateu uma nostalgia tão grande ao lembrar dos tempos idos e bem vividos do nosso carnaval. Ao acordar, fui direto ao estojo aveludado onde adormece meu querido e inseparável “Pandeiro Dourado”. Ao envolvê-lo em mãos ritmadas e quase esquecidas das malemolências de tantos e tantos sambas-enredo passados em nossas vidas, remontei minhas memórias aos carnavais de outrora onde cantávamos em salões inflamados de alegrias e transbordando de foliões felizes a cantar: “Quanto riso, óh! quanta alegria, mais de mil palhaços no salão, Arlequim está chorando pelo amor da Colombina, no meio da multidão”. Digam pra si mesmos meus leitores: Não era maravilhoso esse tempo? Recordar momentos de extasiantes noitadas onde o rosto “encharcado de suor” daquele flerte, era como um perfume a nos enlouquecer? Mil voltas no salão ao ritmo de sambas e marchinhas que nos lembram até hoje dos tempos da vovó, como: “Òh, Jardineira porque estás tão triste, mas o que foi que te aconteceu?”. Bons tempos onde enroladas serpentinas “acasalavam a confetes em nossa imaginação” no piso de um salão escorregadio e multicolorido, mas que deslizávamos sem medo de cair e sonhávamos que no fim daquele baile ao terminar a noite, iríamos para o meio da praça saudar o Barão do Rio Branco. Nesses sonhos, era como se pedíssemos a ele a mão da nossa nova namorada do baile de carnaval. Aquela estátua, parecia nos proteger e apadrinhar, pois faltava coragem para assumir junto aos pais da namoradinha, um romance de carnaval que todos diziam terminar na quarta-feira de cinzas. No fim da festa, lá se ia mais um sonho de carnaval envolto a confetes e serpentinas. A maioria deles surrados, enrolados, desbotados mas dando veracidade aos momentos de paixões e beijos suados, cantando juntos muitas marchinhas como esta: “... A mesma praça, o mesmo banco, as mesmas flores o mesmo jardim... Tudo é igual, mas estou triste, porque não tenho você perto de mim...”. Áh! Que felicidade, que saudade, que recordação! Hoje, nem bons bailes de salão temos mais. Lembro que há alguns anos atrás os Clubes culpavam os desfiles das Escolas de Samba por esvaziarem os salões, já que o show delas na avenida prendia o público na passarela prejudicando os bailes de carnaval de salão. Bom, mas o que os Clubes dizem agora? Nosso carnaval fora de época é sucesso estrondoso e cada vez fica melhor, deixando os dias originais de carnaval para que os Clubes pudessem então fazer a safra da folia na data oficial? Aí é que vem a questão: Será que o sistema dos bailes de carnaval de salão já há muito tempo não precisaria de uma mudança principalmente em preços de ingressos, convites, bebidas mais baratas, sistemas de refrigeração para beneficiar os sócios e foliões no salão? Investir em sistema de som e principalmente em ótimas Bandas e não em JUNÇÕES de última hora que por ganância ou falta de visão moderna de administrar o sistema falido de clubes, contratam Bandinhas a preços de batatas? É, os bons tempos de: “...Se a canoa não virar, olé, olé, olá... eu chego lá”, ou; “...Bandeira branca amor, não posso mais...” ou até mesmo essa: “... A estrela Dalva, no céu desponta, e a lua anda solta, com tamanho esplendor...” ou “Confete, pedaçinho colorido de saudade... Ái, ái, ái, ái, ao te ver na fantasia que usei, CONFETE, confesso que chorei..”. parecem ter acabado. Lágrimas nostálgicas, molham meu rosto e a pele aveludada de meu inseparável irmão Pandeiro. ( ...pausa para revitalizar minha alma e meu pobre coração inundado de tão belas recordações). Refeito de tamanhas emoções e cheio de lembranças de Colombinas, Arlequins, Pierrôs, Odaliscas, Melindrosas com piteiras e luvas pretas nos braços, volto ao palco dos carnavais atuais. Desilusão... desilusão! O que se vê agora, além de Clubes desertos nos dias de carnaval, é nossa juventude sem conhecer essas marchinhas e sambas dos autênticos e românticos carnavais. Hoje, nossos foliões curtem apenas as concentrações em frente a alguns Clubes, lotando as ruas, consumindo bebidas e o pior, em muitos casos, consumindo drogas.
Até outro ensaio, Amaro do Pandeiro

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