Sem nenhum anúncio concreto de ajuda, encontro com Osmar Terra e Helder Barbalho acabou com os gestores da região voltando para casa ‘de mãos abanando’
Uruguaiana recebeu ontem, 12/6, a visita dos ministros do Desenvolvimento Social e Agrário, Osmar Terra, e da Integração Nacional, Helder Barbalho. Eles estavam acompanhados pela senadora Ana Amélia Lemos (PP), pelos deputados federais Luís Carlos Heinze (PP) e Carlos Gomes (PRB) e pelo deputado estadual Frederico Antunes (PP). A agenda foi coordenada pelo vice-governador José Paulo Cairoli (PSD) e a visita ocorreu a pedido do deputado Frederico Antunes.
Terra e Barbalho vieram ao município para verificar in loco a situação da enchente no município e região, através de um sobrevoo, e reunir-se com prefeitos da região. Estiveram presentes, além do prefeito Ronnie Mello (PP) e do vice-prefeito Antônio Augusto Brasil Carús (PSD), o prefeito de Barra do Quaraí, Iad Choli (PSB); São Borja, Eduardo Bonotto (PP); de Itaqui, Jarbas Martini (PP); de Alegrete, Cleni Paz (PP); e o vice-prefeito de Rosário do Sul, Rafael Pinto (PPS).
Porto Alegre
Daqui os dois ministros seguiram para Porto Alegre, onde se encontraram com a bancada federal gaúcha e com outros prefeitos, desta vez de todo o Estado, na sede da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs). Lá, em nome de todos os municípios atingidos pela cheia, a entidade entregou aos ministros um documento solicitando a liberação de R$ 200 milhões, adiantamento do Bolsa Família e do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), entre outros. Os prefeitos da região, porém, solicitaram a vinda dos ministros justamente para evitar a viagem até Porto Alegre, considerando que esta já é a região mais afetada pela enchente no Estado. “Não faz sentido viajar mais de 600 km para tirar foto e entregar um documento”, contou o prefeito de São Borja, Eduardo Bonotto, em seu discurso.
Pedidos
Primeiro dos prefeitos a fazer uso da palavra, Ronnie Mello falou sobre o projeto de remoção de famílias da área ribeirinha, e afirmou que as cerca de dez cheias nos últimos cinco anos mostraram o perigo a moradores que não queriam se mudar, fazendo com que concordem com a medida. Mello dividiu o microfone com o secretário de Planejamento, Carlos Prudêncio, que fez um breve apanhado dos dados referentes ao desastre e apresentou tecnicamente o projeto.
Logo depois foi a vez de Jarbas Martini, que comanda Itaqui pela segunda vez, após oito anos de afastamento. Martini fez um emocionado discurso lembrando aos ministros a importância da região para a economia do Estado. “Levaremos esses projetos até Brasília, conforme determina as diretrizes, e não queremos atropelar as leis, mas precisamos de celeridade, precisamos que seja rápido. Meu município está devastado, e não tenho recursos. Não quero fazer dívidas para outros prefeitos pagar. Por favor nos ajudem, e não deixem que isso fique somente na promessa e nessa maravilhosa visita de vocês aqui”, disse. Bonotto foi o próximo a falar e também destacou a importância de ações imediatas. “Queremos objetividade. Precisamos de linhas de crédito, cartão reforma – o que não foi disponibilizado para nossa região –, FGTS, entre outros benefícios”, disse. Os discursos de Cleni Paz, Iad Choli e Rafael Pinto tiveram o mesmo sentido, e destacaram ainda a necessidade de medidas efetivas. “A cada nova enchente temos um decreto de emergência. Um decreto por ano não me parece a coisa certa a ser feita. É preciso medidas definitivas”, disse Pinto. Assim como Martini, Choli colocou em pauta também a ponte do Ibicuí, lembrando a necessidade da construção da nova estrutura, uma das mais antigas demandas da região.
Respostas
A expectativa dos prefeitos era de que Terra e Barbalho anunciassem encaminhamento de verbas emergenciais para auxiliar no enfrentamento da grave crise e atender a população atingida pela cheia. No entanto, o encontro foi de bastante conversa, mas pouco resultado, o que deixou os presentes decepcionados.
Os dois ministros destacaram que, nada pode ser feito antes de os decretos de situação de emergência serem homologados em nível federal e da publicação das referidas portarias, pediram que as prefeituras realizem os tramites necessários e disseram que irão dar atenção à região. De concreto, porém, o único anúncio partiu de Terra, garantindo que irá adiantar em 15 dias o pagamento do Bolsa Família aos vitimados pela cheia.
Extraoficialmente, a conversa é de que Uruguaiana está bastante avançada no processo de credenciamento necessário para o recebimento de recursos. Não há prazo, porém.
Domingo
Uma prévia, com objetivo de colher dados, foi realizada na tarde de domingo. Cairoli e Frederico, acompanhados da Defesa Civil e do presidente da Famurs, Luciano Pinto, se reuniram com Ronnie Mello e Brasil Carús, também acompanhados do coordenador regional da Defesa Civil, major Rinaldo Castro, e do coordenador municipal, Paulo Woutheres.
Após o encontro, os políticos realizaram um sobrevoo na cidade e partiram para Itaqui, onde também sobrevoaram a área atingida, e se reuniram com o prefeito Jarbas Martini. De lá, foram para São Borja, onde cumpriram agenda semelhante com o prefeito Eduardo Bonotto.
Gabriela Barcellos
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