Mesmo com dois meses de salários atrasados, reclamações contra dirigentes sindicais e administração vira motivo para demissão sumária
Daiany Mossi
É grave a crise no hospital
Santa Casa de Caridade
de Uruguaiana. Além dos
salários atrasados, o hospital
apresenta a falta de medicamentos,
de materiais de
uso diário e da inoperância
de equipamentos importantes,
como o aparelho de
tomografia, estragado há
mais de dois meses.
Na quinta-feira, em
virtude dos salários atrasados,
os funcionários do
hospital trabalharam com
uma tarja preta no braço. O
protesto também ganhou as
redes sociais, onde alguns
manifestaram insatisfação
com a administração do
nosocômio e a atuação do
Sindicato da categoria,
que sempre se apresenta
em sintonia fina com o
administrador, em defesa
do hospital, relegando a
segundo plano a defesa dos
trabalhadores. Em postagens,
alguns funcionários
dizem que o Sindicato não
os representa e que o pró-
prio hospital desrespeita
seu quadro funcional.
“Estamos indignados. O
presidente do SindiSaúde
sequer nos atende”, disse
um dos descontentes.
Demissões
Na manhã de ontem,
após os protestos, dois funcionários
foram demitidos
sem justa causa. Segundo
eles, as demissões foram
em represália às postagens
nas redes sociais. “Hoje,
por ordem administrativa,
fui desligado da Santa
Casa de Uruguaiana, eles
entendem que algumas
postagens denegriram a
imagem da instituição, mas
com nossa imagem eles não
se importam”, disse um
dos demissionários em sua
página virtual.
Nossa reportagem tentou
contato com o presidente
do SindiSaúde, Renato
Corrêa, mas não obteve
retorno. Já o administrador
da Santa Casa de Caridade,
Geovane Cravo, através da
sua assessoria de imprensa,
não desmentiu a perseguição
aos funcionários,
tampouco a falta de medicamentos
e manutenção
do tomógrafo. Ratificando
Nota divulgada na última
quarta-feira, 12/10, culpou
os governos do Estado e
Município pela crise da
Instituição decorrente do
atraso constante nos pagamentos
pelos serviços
prestados, confirmando
que o mau atendimento já
começa a preocupar a Provedoria
e a Administração
do maior hospital da região
da fronteira oeste. Cravo
confirma que o hosítal já
está suspendendo cirurgias
eletivas por falta de materiais
e medicamentos.
Por outra banda, informou
o Administrador que
o departamento jurídico,
em cotejo com o Ministério
Público, se manifestou em
contrarrazões de apelação
ao recurso que suspendeu
o bloqueio das contas do
Estado, informando que o
contrato vencido em julho
foi renovado em setembro
do corrente ano, pelos
mesmos valores, e que jamais
houve interrupção no
atendimento pelo Sistema
Único de Saúde, que hoje
absorve 96% da carga de
trabalho do nosocômio.
Também lamenta o administrador
que o prefeito
Schneider não honre os
compromissos assumidos
com a Instituição pela
prestação dos serviços do
Pronto Socorro Municipal.
Não é só a Santa Casa,
mas diversos credores do
município só recebem mediante
sequestro judicial,
e graças aos sequestros,
estão inadimplentes hoje
apenas os valores de agosto
e setembro de 2016. Existe
a expectativa de que o
judiciário determine novo
sequestro nos próximos
dias e consiga “capturar”
algum valor para a Santa
Casa.
A situação é tão grave
que se não houver aporte
financeiro imediato, não
há maneira de pagar os
quase 700 funcionários do
Hospital, e sem sombra de
dúvidas, isto comprometerá
ainda mais o atendimento à
população.
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