Se antigamente eram somente os pais que tinham obrigação de manter o orçamento familiar, hoje essa realidade mudou. Muitos jovens já estão no mercado de trabalho e usam parte do salário para ajudar a família com as despesas da casa. Segundo pesquisa realizada pelo Guia VOCÊ S/A em parceria com a Fundação Instituto de Administração e Cia de Talentos de São Paulo, dos dez mil jovens entrevistados no país, o número chegou a 72%. Desses, 48% também conseguem economizar para pagar os estudos e 36% se sustentam sozinhos.
A “adulta” da casa
Ajudar nas despesas da casa não é mais novidade para Marcelli Jaquet, 18 anos. Filha mais velha de Daniela Jaquet, 37 anos, é do salário como recepcionista em um salão de beleza na Zona Sul de Porto Alegre que sai parte do sustento dela, da mãe e de mais dois irmãos, de 13 anos e um ano e cinco meses.
- Para mim, isso já é normal! Eu conheço a realidade da minha mãe e me sinto na obrigação de ajudar - diz.
Marcelli ainda divide o tempo - e o dinheiro - com aulas no curso EJA à noite. Ela está fazendo supletivo e pretende acabar o ensino médio no final do ano. Depois de formada, quer seguir no salão que a acolheu há quatro anos e no qual a mãe também trabalha como manicure.
- A Kátia, dona do salão em que trabalho, está nos ajudando muito. Ela já está me treinando como assistente de cabelereira e, assim que acabar os estudos, vou fazer um curso na área para poder ajudar mais lá em casa - conta. Ela vê muitos amigos que trabalham somente juntando dinheiro para fazer a carteira de motorista, sair para a balada ou comprar roupas. Mas diz que se sente bem em poder colaborar para que a família tenha uma condição melhor.
Viver do sonho, mas não só o da confeitaria
Denner Freitas, 18 anos, estudante do curso técnico de Administração da escola QI, em Porto Alegre, sempre soube que seu trabalho era primordial para ajudar no sustento da família. Com apenas 16 anos, resolveu colocar o currículo embaixo do braço e buscar oportunidades no mercado de trabalho. Prestes a completar três anos como auxiliar administrativo de uma confeitaria no Bairro Teresópolis, na Capital, já pode realizar muitos sonhos, como comprar uma moto. Mas, para ele, a melhor parte é poder ajudar os pais com as despesas.
- Eles trabalham duro, e sei que minha ajuda é bem-vinda. Claro que, como pago o curso que faço à noite, sobra pouco no final do mês. Mas sempre ajudo com o que posso, geralmente pago a internet, a água e a luz - conta.
Para os pais, a podóloga Fabiane Andrade da Silva, 34 anos, e o padastro Igor Soares Carvalho, 33 anos, técnico em enfermagem, a iniciativa do filho é vista com orgulho e o exemplo já está sendo passado para os três irmãos mais novos.
- Poder ver que o meu trabalho ajuda para que meus irmãos tenham uma qualidade de vida melhor é recompensador. Na minha época, não tinha videogame, nem internet liberada - diverte-se.
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