Atenção autoridades: ela só quer viver com dignidade

A presença de uma mulher, seu cão, um sofá e o que sobrou de sua casa, na calçada da Rodoviária de Uruguaiana, entre as ruas Flores da Cunha e Dr. Maia, já não é novidade. Figura conhecida, a presença de Ana já é tão normal naquele local que, para chamar a atenção das autoridades, precisou, há pouco tempo, pousar para fotografias em frente a um cartaz eleitoral do deputado Frederico Antunes. Na segunda-feira, a cidade comentava sobre a matéria que foi ao ar na Rádio São Miguel e que, além de denunciar o descaso das autoridades em relação aos moradores de rua, trazia a tona fatos que estariam acontecendo à noite e à luz do dia. Segundo a matéria, no local onde Ana está instalada, rola sexo explícito com direito a público e música. Nossa equipe procurou a moradora de rua na manhã de ontem e escutou a versão dela sobre todos os fatos.

Os fatos
Ana é professora aposentada e bailarina, tendo feito apresentações em outras cidades do Estado e até mesmo no Uruguai e na Argentina. Viúva e sem filhos, ela morava em seu apartamento, localizado em frente ao local que ela chama hoje de “minha casa”. Segundo a moradora de rua, o irmão a expulsou do apartamento há algum tempo e ela, como protesto, resolveu morar aonde ele a visse todos os dias. Dois advogados estariam cuidando do caso, mas até agora ela não obteve resposta. Enquanto isso, sua vida tem sido esperar. Entregue a bebida, com a boca cortada e aparentando estresse emocional, ela contou à nossa equipe que nunca foi procurada pela Assistência Social do município e que não precisa que eles a levem para ser alimentada e mais tarde a devolvam às ruas - ela precisa de um lar, de uma peça para morar, de ter a chance de recomeçar a sua vida. Quanto ao sexo explicito, Ana nega e diz que as acusações são infundadas e que, apesar de morar na rua, mantém dignidade e respeito no espaço que ocupa. Com todo o sofrimento, a mulher que ganhou notoriedade da população, mas foi esquecida pelas autoridades, não perde as esperanças e acredita que um dia terá sua casa de volta e poderá viver de forma digna.