terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Colapso na HSCC: Greve e denuncia de morte por falta de medicamentos

Daiany Mossi

Os funcionários da Santa Casa de Caridade de Uruguaiana entraram em greve por tempo indeterminado na manhã desta segunda-feira, 5/12.
O movimento foi deflagrado às 7h, e conta com a adesão de todos os funcionários, que manterão apenas 30% das atividades em funcionamento. Somente urgência e emergência estão sendo atendidas, os demais casos estão sendo encaminhados aos postos de saúde. Além disso, as cirurgias eletivas estão sendo reagendadas.
Conforme o diretor do Sindisaúde, Rogério de Moraes, os salários dos funcionários estão atrasados há três meses e, apesar do inchaço, há necessidade de novas contratações. “Apesar da folha de pagamento estar extrapolada, há falta de funcionários em alguns setores. O valor da folha é exorbitante em razão dos altos cargos de chefia, enquanto que nos andares faltam técnicos e enfermeiros”, disse de Moraes.

Dívida do Estado

Também ontem o administrador da Santa Casa, Giovane Cravo, reuniu-se com a diretora do Fundo Estadual de Saúde (FES), Meriana Farid El Kek, e ao contestar a conta apresentada ao Governo do Estado, recebeu como resposta que dívida publicamente anunciada não encontra respaldo legal, pois referem-se a períodos nos quais o hospital não possuía contrato de prestação de serviços com a secretaria de Saúde do Estado.
Sem mais argumentos, Cravo aceitou a sugestão da diretora do FES, de abrir processo administrativo para que o departamento jurídico da SES e a Procuradoria Geral do Estado (PGE) se manifestem quanto à possibilidade legal do pagamento do período sem contrato.
A Santa Casa imputa ao Estado e ao Município uma dívida de aproximadamente R$ 3 milhões, atribuindo a esta conta o atraso da folha de pagamento. Contudo, a dívida somente com os funcionários já supera os R$ 6 milhões, e a dívida bancária do hospital caminha vigorosamente aos R$ 50 milhões.

Denúncias

Neste fim de semana, uma enfermeira denunciou via redes sociais, a morte de dois pacientes por falta de materiais e medicamentos, e pré-anuncia outras duas mortes. “A senhora que morreu de manhã tinha 53 anos, tinha dez filhos que dependiam dela. Veio a óbito porque a Cardio não tem material para fazer angioplastia e nem cateterismo, nem a medicação para aplicar quando não tem hemodinâmica. Agora chegou outro com enfarto agudo do miocárdio no Pronto Socorro, e não tem nem trombolítico. Logo vai a óbito, questão de tempo. Não tem material para prestar atendimento. Já foram dois óbitos e logo será o terceiro”, disse a enfermeira.
Em nota subscrita pelos médicos Luiz Marty (não assinou) e Fábio da Mota, em nome dos 10 médicos que compõe o quadro de especialistas do setor de cardiologia da Santa Casa, foi confirmada a morte de uma paciente 10h após sua entrada no Hospital. A paciente apresentava quadro grave de cardiopatia, diabetes descompensada, crise hiperglicêmica e dor torácica já há quatro dias. Conforme os médicos, foi realizado todo o modelo padrão de atendimento da UTI Coronariana, incluindo a utilização de medicamentos e aparelhos à disposição (grifo nosso) de pacientes que apresentem quadro semelhante. A nota, contudo, não esclarece se outros medicamentos, ou materiais para angioplastia ou cateterismo, poderiam ser utilizados, se disponíveis. Também sem maiores detalhes, foi confirmada a internação de dois pacientes aos cuidados da equipe de cardiologistas do hospital.

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